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Minc reduz lista de livros para bibliotecas

A mais recente compra de livros anunciada pelo Ministério da Cultura, através do programa Uma Biblioteca em Cada Município, provocou reações dos editores, já que a lista de compras inicial foi reduzida em um terço

Por Agencia Estado
Atualização:

A mais recente compra de livros anunciada pelo Ministério da Cultura, através do programa Uma Biblioteca em Cada Município, provocou reações dos editores. Isso porque o ministro Francisco Weffort lançou, no dia 24 de outubro, uma portaria com uma longa lista de obras pré-selecionadas por uma comissão para o programa; e, no último dia 16 de novembro, uma nova lista, para a compra, reduzida em cerca de um terço, assinada pelo secretário do livro e da leitura, Ottaviano de Fiore. Segundo o secretário, a compra deve envolver cerca de R$ 9 milhões, o que pode variar de acordo com as negociações de preço de cada título. Alguns editores, especialmente os pequenos e médios, tiveram suas listas de obras reduzidas consideravelmente - ou mesmo eliminadas. É o caso da Relume Dumará, do Rio de Janeiro, que, entre obras selecionadas em 1999 e 2000, contaria com cerca de 50 títulos no acervo - e não vendeu nenhum, desta vez, ao governo. A Iluminuras, de São Paulo, tinha 81 títulos na primeira lista, e apenas 6 na segunda. Não são casos isolados: a Sá tinha 5, caiu para 1; a Bertrand Brasil contabilizava mais de 40, ficou com 6. Mesmo em menor proporção, a queda atingiu também a Companhia das Letras, que, de mais de cem títulos numa lista, disse ter ficado com cerca de 70, e a Editora 34, que, de 9, ficou com 6 títulos (a lista disponível na Internet, no site www.minc.gov.br, não especifica a editora do livro: traz apenas o título e o autor, o que dificulta a obtenção de dados precisos). "Quebrou-se uma tradição de comprar de um leque amplo de editoras", disse Alberto Schprejer, da Relume. "Achei no mínimo estranha essa seleção e as duas listas, especialmente", afirmou Samuel Leon, da Iluminuras. Ao todo, são 580 bibliotecas que devem receber os títulos dessa compra (em geral, dois exemplares de cada título). A redução dos títulos, embora seja a questão concreta enfrentada pelos editores (porque envolve dinheiro), não é o único fato que complica a compra. A segunda lista não é uma simples redução da primeira: há títulos não incluídos pela comissão que foram comprados pelo Ministério. Segundo De Fiore, a compra priorizou o público infanto-juvenil, devido ao fato de as escolas estarem se utilizando da biblioteca pública dos municípios. Ocorre que o programa não descreve a biblioteca como prioritariamente voltada para esse público, mas como sendo de interesse geral. "A primeira lista não era para a compra, mas para a seleção de um acervo, até porque há mais livros nela do que cabem na nossa coleção", diz o secretário. As bibliotecas do programa devem receber, do governo federal, cerca de 3.000 obras. Ainda segundo De Fiore, a prioridade foi o público infanto-juvenil porque a freqüencia de estudantes às bibliotecas chega a 70%. De Fiore diz ainda que adicionou algumas obras à lista. "Nossa lista ainda é muito pobre na área de matemática, por exemplo; inclui O Mundo dos Númerose O Mundo da Álgebra do Isaac Asimov", diz ele. "Mas não consegui comprar, porque não há no mercado, Aritmética da Emília, do Monteiro Lobato." Outra obra que entrou na segunda lista - e que não estava na primeira - foi a versão bilíngüe da Divina Comédia, da Editora 34. "Entraram também títulos comprados no ano passado." Fiore argumenta ainda que definir uma comissão para realizar a seleção dos títulos para serem comprados apenas tornaria o processo mais lento e mais caro.

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