A presença de Luiz Carlos Miele em um set de TV era humor certo no estúdio e na tela do espectador, mesmo que a função a ele destinada não flertasse com o riso. Dono de um vasto histórico boêmio e de créditos que remetem à nata do entretenimento nacional, Miele era personagem maior que os papéis que representou. Poderia até se dar ao luxo de apresentar um programa de gosto duvidoso, como o finado ‘Cocktail’, onde mulheres de corpos esculturais desfilavam em trajes mínimos, no SBT dos anos 90, que ninguém haveria de vê-lo como asqueroso. Se o papel pedia um cafajeste, invariavelmente, ele era o mais adorável deles, sem jamais perder a elegância. Foi a música que levou Miele à TV, mas essas lentes, sempre tão carentes de um bom contador de histórias, transformou o homem em um curinga para todas as cenas.