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Michael Jackson deixa dívidas antes de tentar volta por cima

Por NICHOLA GROOM E YINKA ADEGOKE
Atualização:

Além de um legado musical vasto e multidões de fãs que o adoravam, o superastro do pop Michael Jackson deixa uma montanha de dívida e uma volta por cima que não aconteceu, o que muitos esperavam que pudesse render milhões de dólares e resolver seus problemas financeiros. O Rei do Pop morreu repentinamente na quinta-feira, aos 50 anos de idade, após uma carreira de 40 anos que incluiu o álbum pop mais vendido de todos os tempos, "Thriller". Apesar de ter faturado centenas de milhões de dólares, tendo sido um dos músicos pop mais bem-sucedidos de todos os tempos, Jackson acumulou dívidas de cerca de 500 milhões de dólares, segundo fontes citadas pelo Wall Street Journal no início do mês. Mas seus bens principais, incluindo os direitos autorais sobre suas próprias canções e uma participação no catálogo de canções dos Beatles, valem mais de 1 bilhão de dólares, segundo uma fonte da indústria musical. A carreira e a imagem de Michael Jackson foram prejudicadas por seus crescentes problemas financeiros e legais nos últimos anos. Conhecido por mergulhar em imensas orgias de compras de brinquedos e antiguidades, Jackson foi acusado por um contador, durante seu julgamento em 2005 por abuso sexual infantil, de gastar 20 ou 30 milhões de dólares a mais por ano do que estava ganhando. Seu estilo de vida luxuoso foi possibilitado em parte por um empréstimo de 200 milhões de dólares que contraiu, dando como garantia sua participação no catálogo dos Beatles. Jackson comprou sua parte no catálogo numa joint venture com a Sony Corp., conhecida como Sony/ATV. Jackson refinanciou esses empréstimos em 2006, para tentar evitar a insolvência. Além disso, em novembro passado ele foi obrigado a entregar o título de propriedade de seu rancho Neverland, na Califórnia, a uma empresa formada por ele próprio e o fundo de investimentos imobiliários Colony Capital LCC, de Los Angeles, a firma que detém o empréstimo de 23 milhões de dólares que ele fez sobre o imóvel. A Colony Capital vem reformando o rancho e pretendia vendê-lo, segundo o Wall Street Journal. O executivo-chefe da Colony, Tom Barrack, disse ao jornal no mês passado que, se a carreira de Michael Jackson fosse revitalizada, o rancho poderia ser vendido por entre 70 e 80 milhões de dólares. Em comunicado divulgado na quinta, Barrack disse estar "profundamente entristecido" com a morte de Jackson, mas não comentou o impacto que ela terá sobre os negócios da Colony. GRANDE RETORNO AOS PALCOS Para melhorar sua situação financeira, Michael Jackson planejava um grande retorno aos palcos em Londres a partir de julho, 12 anos após sua última turnê. A empresa AEG Live, que estava promovendo a sequência prevista de 50 concertos na 02 Arena, pode perder até 40 milhões de dólares se seu seguro não for suficiente para cobrir o que já foi gasto na produção, informou a Billboard, e um advogado disse que a empresa não poderá recuperar esses custos do espólio de Jackson. "Os promotores dos concertos não poderão processar os herdeiros", disse Bob Rasmussen, reitor da Escola Gould de Direito da Universidade do Sul da Califórnia. "Morto, ele não tem mais a obrigação de se apresentar." A AEG, que pertence integralmente à empresa privada Anschutz Co, também deixará de receber os 400 milhões de dólares que estimava poder levantar através de um plano de trabalho de 3,5 anos com Michael Jackson. Mas os maiores retornos financeiros de Jackson podem acontecer na esteira de sua morte. A gravadora com a qual ele trabalhou durante anos, a Sony Music Entertainment, provavelmente relançará edições especiais de alguns de seus álbuns mais vendidos, e possivelmente lançará algumas gravações raras também.

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