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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Meus brasileiros preferidos

O cover do Elvis, a dona de muitos gatos, o amolador de facas, o padre que casou com dançarina

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Por Gilberto Amendola
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O vovô da banquinha do Jogo do Bicho. O barbeiro português. O eleitor arrependido. O vira-lata manco e banguela. A garota de programa do oitavo andar. O Zé Louquinho da minha rua. O porteiro gente fina e torcedor do Campinense. O bêbado que começa cedo. O bêbado que é o último a ir embora. A dona de muitos gatos. O nerd fã de Star Wars. O cover do Elvis. A cantora de igreja. O amolador de facas comunista. A enfermeira que casou com o paciente de 90 anos. As crianças que tocam a campainha e saem correndo.

Quem não quer deixar de usar máscara. O professor aposentado que faz palavras cruzadas embaixo da árvore. O desempregado que faz bolão da Mega Sena. O ex-lutador de boxe que vive com uma foto da esposa falecida no bolso da calça. A ciclista que usa um capacete com as cores da bandeira francesa. O manobrista que nunca tirou habilitação. A amiga que manda nudes. O amigo que entende de drinques. O papagaio que canta o Hino da Bandeira. A tiazinha que lê a mão sem cobrar um tostão. O presidente do fã-clube de um cantor ruim. A coruja que dormiu em cima da placa de proibido estacionar. O inventor de traquitanas inúteis.

Escultura em mármoreAnhanguera, de Luiz Brizzolara,em frente ao MASP, na Avenida Paulista.São Paulo, SP. 04/9/1972. Foto: Alfredo Rizzutti/ Estadão

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O vizinho que empresta a senha do Wi-Fi. A jornalista de moda que passeia com o cachorro de pijama e chinelinho. O vendedor de bolhas de sabão que nunca acertou fazer uma bolha de sabão. O torcedor do Juventus que categorizou 659 maneiras de xingar o juiz. O padre que largou a batina e se casou com uma dançarina de boate. O porteiro de boate que troca o dia pela noite. O tocador de tuba que nunca mais conseguiu afinar seu instrumento. O adolescente cheio de espinhas que sonha com a Scarlett Johansson. O marido traído que voltou para a mulher. A bibliotecária que faz curso de pompoarismo por correspondência. O velhinho que conta sempre a mesma história. A organizadora de rifas.

O vizinho que ouve Leonard Cohen no último volume. A solteirona que ainda suspira por um amor platônico da adolescência. A malabarista de farol que se apaixonou por um agente de trânsito. A velha turca que faz doces de pistache e nozes. O mudo que escreve discursos para futuros presidentes. O cego que viu a luz. O sujeito que garante ter sido abduzido por alienígenas. O cobrador de ônibus que conhece os passageiros pelo nome. A ex-participante de reality show que foi viver sozinha no deserto. O poeta que nunca publicou um livro, mas guarda todos os seus versos na cabeça. O atleta olímpico que perdeu sua medalha no aeroporto. Quem se dedica a avistar passarinhos. O resto. O resto não me interessa. 

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