Metropolitan revisita estilo de Jackie O

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Por Agencia Estado
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Jackie O volta a ser a obsessão dos nova-iorquinos. O universo da primeira-dama mais fabulosa dos Estados Unidos está atraindo hordas de pessoas para o Costume Institute, do Metropolitan Museum of Art, que abriu anteontem para o público a exposição Jacqueline Kennedy: The White House Years. Mais do que uma seleção de roupas, a mostra oferece uma imperdível radiografia do estilo e da personalidade dela. Esta é a primeira exposição do Costume Institute em quase dois anos. A seção reservada para a moda do Metropolitan Museum ficou fechada desde a morte de seu último diretor, Richard Martin, e foi totalmente remodelada. No lugar de duas salas únicas no porão do museu, o instituto agora ocupa uma área maior do segundo andar, com diversos espaços de teto mais alto, que adicionam mais dramaticidade às instalações, que também podem ser trabalhadas com recursos mais sofisticados de iluminação e vídeo. A exposição de Jackie retrata o estilo de vida dela durante a campanha à presidência dos Estados Unidos e seus anos na Casa Branca (de 1960 a 1964). Por meio de roupas, objetos, vídeos, fotografias, convites para jantares e outras peças íntimas, é possível entender todo o processo de construção do ideal de jovialidade, sofisticação e cultura que a administração Kennedy desenvolveu com a ajuda de Jackie. A mostra começa com o período da campanha, em que ela começou a ser notada pela imprensa e pelo público por seu carisma de estrela hollywoodiana e seu guarda-roupa simples - baseado em poucos modelos básicos de vestidos e tailleurs, colares de pérolas e chapéus. Seus trajes desta época - comprados em liqüidações de alta costura em Paris por ela ou pela sogra, Rose Kennedy, mostravam uma elegância básica e atemporal, e acabaram sendo usados novamente mais tarde em viagens ao exterior. Givenchy era o estilista preferido de Jackie na época. A segunda parte da exposição é dedicada à posse presidencial, no início de 1961, para o qual Jackie criou seu próprio vestido com a ajuda da "sacerdotiza do chique", Diana Vreeland, a poderosa editora da Vogue. A peça contava com uma dramática capa de seda cor de marfim, com aberturas para os braços. O outro vestido usado para as cerimônias, um longo básico decorado com uma roseta de tecido inspirada em condecorações militares, foi criado por Oleg Cassini, que passou a ser o "coordenador oficial" do guarda-roupa da primeira-dama. Era o início do que viria a ser definido como o "Jackie Look". Os trajes combinaram bem com o estilo que os Kennedy começaram a imprimir nas cerimônias de posse, que incluíram a presença de artistas, músicos e intelectuais da época e apresentações de Mahalia Jackson, Ella Fitzgerald e Frank Sinatra - que ajudou a organizar o evento. A sofisticação cultural aportava na Casa Branca. Mais provas do gosto refinado de Jackie apareceram nas viagens presidenciais, que formam outra parte da exposição. Ela mostrava uma precisão digna de uma equipe editorial ao escolher seu guarda-roupa para seus diferentes destinos. Os trajes complementavam a cultura local ou faziam referências históricas a cada país: um tailleur de Pierre Cardin de lã vermelho foi usado para um encontro com a Polícia Montada Real do Canadá, cujo uniforme é da mesma cor, enquanto um marcante longo de bordado de ráfia, branco e cor-de-rosa, desenhado por Oleg Cassini de acordo com as sugestões de Vreeland, impressionou Charles de Gaulle em um jantar de gala no palácio Elysée. A força do "Jackie Look" aparece em grandes imagens que mostram o contraste da primeira-dama com seus convidados/anfitriões (como no primeiro encontro com a Rainha Elizabeth, em que seu vestido sem manga de xantungue de seda era muito mais jovial e moderno do que o longo de saia rodada de tule usado pela inglesa, típico da década anterior). Jackie acertou até em um dramático longo preto de seda usado para uma audiência com o Papa João XXIII no Vaticano, em 1962, complementado por uma mantilha de rendas na cabeça, em efeito ultra-fashion mas ainda discreto. A exposição também faz justiça ao estilo que Jackie imprimiu à Casa Branca. Além de detalhar os eventos promovidos por ela (que sempre incluíam eventos culturais), a mostra retrata a grande reforma que ela comandou ao assumir a residência. Por achar que o lugar não tinha peças de relevância histórica, ela formou um comitê que supervisionou a compra de obras de arte e peças importantes de mobiliário. Sua concepção para a Sala Vermelha, em estilo imperial, e até a decoração da árvore de Natal, imprimiam uma personalidade própria. Organizada em salas que reproduzem o clima dos assuntos, The White House Years faz o público se sentir voyeur do universo de Jackie O. Fazendo uso de caixas de chapéus e colares de pérolas, passando por bilhetes e álbuns de fotografias, a exposição confirma o que todo mundo já sabe: não houve primeira-dama como Jacqueline Kennedy - e os Estados Unidos nunca mais tiveram tanto estilo.

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