Mestre de tipos no rádio e no cinema

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Por Lucas Nobile
Atualização:

O terceiro capítulo do livro, intitulado O Intérprete das Malocas, é de extrema importância para jogar luz sobre a complexidade da figura de Adoniran e toda a sua versatilidade artística. Além de contar como entre os anos 1940 e 1950 o compositor já colhia o sucesso por seus temas, Celso de Campos Jr. aborda novamente a atuação brilhante do artista no cinema e no rádio.Nas telonas, ele deu mostras de que seu talento ia muito além da música, participando de filmes como O Cangaceiro (1953), de Lima Barreto, ao dar vida ao personagem Homem-Arsenal, e A Carrocinha (1955), dirigido por Abílio Pereira de Almeida, em um duelo memorável com outro ator não menos genial, Mazzaropi.Depois do sucesso de O Cangaceiro, Lima Barreto quis filmar O Sertanejo, adaptação de Os Sertões, de Euclides da Cunha, e escalou Adoniran para ser seu Antônio Conselheiro, com a seguinte justificativa: "Adoniran é comediante. Antônio Conselheiro é uma figura de tragédia, que nunca foi ridículo na vida real nem o será no filme. O cômico e o trágico são irmãos xifópagos", revela o livro. Uma síntese da alma de Adoniran.Criador no dial. Dotado de criatividade e de poder de improvisação absurdos, Adoniran também desempenhou papel importante na história do rádio brasileiro, ao criar personagens que caíram nas graças do público da época. Falando a mesma língua dos mais pobres, ele deu vida aos hilários Barbosinha Mal-Educado da Silva e também dialogou diretamente com as malocas por meio das vozes de Zé Conversa e Charutinho, com a aprovação do amigo e produtor Osvaldo Moles.

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