Mesmo sem confirmar entrada no governo, Regina Duarte escolhe 'número 2' da cultura

Reverenda Jane Silva é a atual secretária de Diversidade Cultural da Secretaria Especial de Cultura

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Por Mateus Vargas
Atualização:

BRASÍLIA - Mesmo sem ter confirmado a sua entrada no governo Jair Bolsonaro, a atriz Regina Duarte escolheu nesta quinta-feira, 23, como "número 2" da Secretaria Especial de Cultura a reverenda Jane Silva, atual secretária de Diversidade Cultural da pasta.

A atriz Regina Duarte chega a Brasília apos ser convidada para presidir a Secretaria de Cultura do Governo Federal Foto: Gabriela Biló/Estadão

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"A atual secretária da Diversidade Cultural, Jane Silva, ocupará temporariamente o cargo de secretária-adjunta da Cultura, até que haja uma definição sobre a nomeação de Regina Duarte para chefiar a pasta", diz nota enviada pela assessoria da secretaria.

No governo, apesar de nomeação de Regina ainda não ter sido confirmada, é dado como certo que ela assumirá a função. Pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que entrada da atriz no governo deve ser formalizada na semana que vem, após a viagem dele para Índia. "Acho que esse casamento (com Regina) vai dar o que falar, mas não é agora, não. Talvez na volta (da Índia), a gente acerte. Ela merece, realmente, quase que uma festa por ocasião da assinatura dela da posse. Deve ser na volta. É uma pessoa muito especial", declarou Bolsonaro na saída do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência.

Quem é Jane Silva?

Empresária do ramo artístico e cultural, Jane Silva é presidente da Associação Cristã de Homens e Mulheres de Negócios e da Comunidade Internacional Brasil & Israel. Por dois anos, atuou como presidente da International Christian Embassy Jerusalem no Estado de Minas Gerais. À frente da Secretaria da Diversidade Cultural (SDC), ela “pretende dialogar com os brasileiros a fim de que as políticas públicas da cultura atendam às reais necessidades da população”.

O cineasta Josias Teófilo disse ontem ao Estado ter sido sondado ao cargo de secretário-adjunto da cultura. “Não tem nada certo ainda. Regina está sendo consultada, vai responder ainda”, afirmou. Ele ficou conhecido pelo seu primeiro filme, O Jardim das Aflições, sobre o guru bolsonarista Olavo de Carvalho, do qual Josias tornou-se amigo pessoal. 

A vaga de "número 2" da cultura ficou em aberto ontem, 22, quando Paulo Soares Martins foi exonerado do cargo de secretário-adjunto. Ao Estado, ele disse que não sabe o motivo de sua saída.

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No último dia 14, um e-mail sobre “objetivos” para 2020, enviado “em nome” do ex-secretário-adjunto a chefes da Secretaria de Cultura e a órgãos vinculados, como a Agência Nacional de Cinema (Ancine), endossava o discurso de “guerra cultural” defendido por Alvim.

A mensagem, divulgada pelo The Intercept, a qual o Estado também teve acesso, afirma que a cultura no Brasil deveria ser norteada em “princípios e valores da nossa civilização” e “profunda ligação com Deus”. O mesmo texto cita ainda “luta contra o que degenera”.

O texto causou constrangimento dentro do governo e foi considerado “fora do tom” por gestores da cultura ouvidos pelo Estado. Martins afirmou à reportagem “que apenas reproduzia as orientações do então secretário da Cultura (Alvim)”.

Roberto Alvim foi demitido na semana passada pelo presidente Jair Bolsonaro do cargo de secretário de Cultura após a polêmica referência ao nazismo em vídeo divulgado nas redes sociais.  Para assumir o seu cargo, o governo convidou a atriz Regina Duarte, que iniciou nesta semana uma fase de 'testes' na secretaria.

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