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Meninos da Mangueira lançam livro e vídeos

Os meninos da Mangueira lançam hoje o livro Coração do Morro - Histórias da Mangueira e três vídeos Sambapagodefunk, Entre Fraldas e Batons e Qual é a Sua Cor? sobre seu cotidiano, suas aspirações e seus problemas

Por Agencia Estado
Atualização:

Os meninos da Mangueira lançam hoje o livro Coração do Morro - Histórias da Mangueira e três vídeos Sambapagodefunk, Entre Fraldas e Batons e Qual é a Sua Cor? sobre seu cotidiano, suas aspirações e seus problemas, resultado de cursos feitos ao longo de 2001, na Casa das Artes, que funciona perto da quadra da escola de samba. O lançamento é na livraria Bookmakers, no domingo, será no morro, e os meninos vão receber seus diplomas. O livro estará à venda no Rio e em São Paulo, por R$ 10,00. No ano passado, a especialista em arte-educação Suely de Lima foi incumbida pela Xerox de criar na Mangueira um projeto ligado à sua área. A empresa já patrocina a Vila Olímpica do morro e queria usar a Lei Municipal de Incentivo à Cultura para um projeto que unisse arte e educação. "Conversando com as pessoas, chegamos ao formato dos cursos, que reuniram 140 adolescentes", conta Suely. "Nossa intenção era fazê-los falar já que eles recebem muita informação, mas têm pouca oportunidade de se fazer ouvir." A adesão dos adolescentes foi imediata, e eles passaram a freqüentar oficinas de texto, vídeo e fotografia, além de discutir os aspectos do morro da Mangueira, uma das favelas mais antigas e organizadas do Rio, para abordar. "Houve consenso. Eles escolheram falar sobre família, arte, educação e saúde e saíram a campo", lembra Suely, que conta com uma equipe de 11 pessoas, algumas da Mangueira e outras de fora, num trabalho coordenado por Graça Fortunato, moradora da comunidade. "Os professores intermediaram, mas influíram o mínimo possível no conteúdo e no formato do livro e dos vídeos." Descobertas - Os adolescentes descobriram talentos e realidades de cuja existência apenas suspeitavam. Marcos, de 14 anos, tornou-se o cronista da turma. Sempre gostou de escrever, mas nunca pensou que poderia expor tão facilmente sua opinião. Eliane, de 18 anos, queria fazer jornalismo, mas não sabia que uma reportagem poderia ser tão interessante. Monique, de 14 anos e Renan, de 15, que moram em pontos diferentes do morro, passaram a se conhecer melhor e também a seus vizinhos, com quem raramente falavam. "Eles souberam que há, além do samba, costureiras, bordadeiras, esportistas e outros profissões", comenta Graça Fortunato, ressaltando que o projeto não pára com o lançamento do livro. "Agora, eles vão ensinar outros alunos e já têm condição de procurar trabalho nas áreas de seus cursos." Suely vai além. Mantém contato com empresas para oferecer seus alunos como estagiários, mas não quer aumentar muito o número de adolescentes atendidos. "É melhor não crescer muito para manter a qualidade." Pouco mais que crianças, os meninos da Mangueira refletem como adultos sobre sua realidade. Amanda, de 14 anos, fez câmera nos vídeos e acha importante questionar a situação das mães adolescentes. Para Douglas, repórter, a questão da discriminação racial precisa ser discutida, enquanto Isabela, de 14 anos, sentiu-se menos tímida a partir do trabalho. "Nem sempre foi fácil chegar às pessoas, especialmente aos analfabetos, mas no fim todo mundo gostou de participar de alguma forma", disse.

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