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Memórias polêmicas da viúva de Saint-Exupéry

Segundo especialista em grafologia, as memórias de Consuelo foram redigidas por seu amante, o escritor suíço Denis de Rougemont

Por Agencia Estado
Atualização:

As memórias de Consuelo de Saint-Exupéry, viúva do autor de O Pequeno Príncipe, foram redigidas por seu amante, o escritor suíço Denis de Rougemont, segundo um especialista em grafologia, cujas conclusões foram publicadas hoje pelo jornal Le Figaro. O jornalista suíço Christian Campiche, estudioso das obras de Rougemont detonou a polêmica ao encontrar semelhanças entre a grafia do autor de O Amor e o Ocidente e a primeira página do manuscrito de memórias da viúva de Antoine de Saint-Exupéry. Amigo do aviador desaparecido, Denis de Rougemont, que serviu de modelo para os desenhos de O Pequeno Príncipe, conheceu o casal em Nova York, nos anos 40. O grafólogo William David Mazella, encarregado por Campiche de comparar a primeira página do manuscrito com uma carta que Consuelo escreveu a seu marido e uma carta de Rougemont, concluiu que "a letra que está na primeira página do manuscrito de memórias não corresponde à de Consuelo, mas à de Denis de Rougemont". Mazella baseou seu julgamento na semelhança entre a forma de escrever as consoantes "B", "b", "d" e "t", mas reconheceu que dispunha de poucos elementos de comparação e que não pôde elaborar seu exame em documentos originais. Esta afirmação de que Rougemont redigiu as memórias foi qualificada de "estupidez abismal" pelo presidente da editora Plon, Olivier Orban. As memórias da Rosa, assim chamado porque Consuelo inpirou o personagem da rosa de O Pequeno Príncipe A autoria do escritor suíço também foi desmentida pelo biógrafo Alain Vircondelet, que deu forma ao suposto manuscrito de Consuelo. "O francês de Consuelo está cheio de hispanismos. Seu estilo revela uma linguagem feminina, petulante, heterogênea, com uma frescura que parece impossível ter sido produzida por Rougemont, um filósofo, um cínico e um dom Juan", disse. Consuelo Suncin de Sandoval, que nasceu em 1901, em El Salvador, conheceu Antoine de Saint-Exupéry 30 anos depois, em Buenos Aires e se casaram sete meses mais tarde. A figura do aviador, cujo centenário de nascimento é celebrado no dia 29, não é lá muito boa em "As memórias da Rosa", no qual é descrito como um marido egoísta, volúvel, auto-destrutivo às vezes ingrato. Os historiadores discutem se Consuelo e Rougemont, falecido em 1985, se tornaram amantes antes ou depois da morte do famoso escritor e aviador desaparecido no mar em 1944. No último dia 27, um mergulhador reativou a lenda, ao assegurar ter localizado o avião desaparecido. Por outro lado, o tribunal administrativo de Lyon anulou ontem o procedimento que autorizava a venda da propriedade da família em que Saint-Exupéry passou sua infância e parte de sua adolescência, na localidade de Saint-Maurice-de-Rémens, informaram hoje fontes judiciais. Desta forma, o Tribunal da razão aos herdeiros do aviador, reunidos na associação Espaço Saint-Exupéry, que pretendem criar um centro turístico no local e que recorrerão da cessão da propriedade a outra sociedade que pretendia instalar ali uma escola de hotelaria.

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