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Meirelles diz que faltam roteiristas para cinema nacional

Por AE
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Cinema nacional procura roteiristas. Se alguns diretores de filmes brasileiros pudessem passar um dia como homens-placa no centro de São Paulo, esta seria a frase que ostentariam no peito. A crise de bons criadores de textos para filmes nacionais pode ser constatada em um teste rápido. Pense em um bom longa. Com poucas exceções, ele terá sido baseado em um bom livro: Carandiru, Meu Nome Não é Johnny, Cidade de Deus, Olga e Tropa de Elite, produções brasileiras que mais longe chegaram em bilheterias nacionais e no exterior. Fernando Meirelles, diretor de Cidade de Deus, retirado em 2002 do livro homônimo do escritor Paulo Lins, e de Ensaio Sobre a Cegueira, adaptação da obra do escritor José Saramago, confirma que existem poucos roteiristas no Brasil. ?Mais de 300 produções cinematográficas estão acontecendo no País. Nós temos apenas 30 ou 40 roteiristas trabalhando. Para o volume que estamos produzindo, eles não dão conta. Neste caso, ou os diretores escrevem os próprios roteiros ou são feitas adaptações?, diz o cineasta. Atualmente, Meirelles estuda a possibilidade de abrir em sua produtora, a O2 Filmes, em parceria com a distribuidora Universal, um workshop direcionado a roteiristas. ?Enviamos idéias de filmes para a Universal. Eles nos retornam dizendo que são ótimos. Depois, quando vamos enviar os roteiros, a distribuidora diz que estão fracos. Daí, surgiu a idéia deste workshop?, conta Meirelles. A explicação para o fenômeno da migração das páginas para a tela, segundo os cineastas, vem da segurança. O enredo já está pronto, já foi testado e aprovado junto ao público leitor. Assim, o retorno financeiro nas salas de cinema, apesar de não ser garantido, é mais provável. Como efeito colateral, jovens e desconhecidos escritores passaram a receber propostas e a vender os direitos de suas obras tanto para o cinema quanto para teatro e TV. Nomes como Rodrigo Capella, Claudia Tajes, Renato Tapajós e Lourenço Mutarelli terão em breve suas obras exibidas nas telonas. Aos 27 anos e com cinco livros publicados, o paulista Rodrigo Capella viu sua vida mudar depois que vendeu para o cineasta Ricardo Zimmer os direitos do seu livro Transroca - O Navio Proibido. As filmagens devem começar no início do ano que vem. ?Depois que a notícia de que meu livro viraria filme se espalhou, eu passei a ser bem-visto no meio literário, a receber convites para dar palestras e para participar de debates.? Capella, por força de contrato, não pode revelar quanto pagaram por seu livro, mas diz que ficou surpreso com o valor. ?Foi um preço bem interessante. Também vou ter participação na bilheteria.? As adaptações também ajudam a alavancar as vendas das obras. Segundo a editora Rocco, quando livros viram filmes, suas vendas aumentam em uma média de 30%. Um exemplo é Elite da Tropa, da Objetiva, escrito por André Batista e Rodrigo Pimentel, que vendia 3 mil unidades por mês antes do filme e passou a vender 18 mil enquanto esteve em cartaz. As informações são do Jornal da Tarde.

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