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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Me 'anvise', amor (sambinha)

Versos para ler ou cantar enquanto aguada a chegada da vacina

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Por Gilberto Amendola
Atualização:

Amor, não se zangue. Hoje só posso amanhã. Ou depois de amanhã. Sei que parece, mas até onde se sabe, talvez o mundo não se acabe esta semana.

Amor, me avise só depois da Anvisa. Me “Anvise”. Diz que vai ficar tudo bem, que deu tudo certo, que não esqueceram nenhum carimbo e que a cópia que faltava já está autenticada. 

'Amor, o nosso laço, essa marquinha no braço, me ataca a libido' Foto: Carla Carniel/Estadão

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Amor, não vou sair da cama. Hoje bateu um bode. Não tenho nenhuma estrofe pra dar ou vender (ainda temos o que comer?). 

Amor, o nosso laço, essa marquinha no braço, me ataca a libido. Repete comigo, fazendo biquinho: BCG. Diz de novo, quero ver: B-C-G.

Amor, lembra da cadernetinha? A gente era tão legal nos tempos da Tríplice Viral. Você sempre foi o meu reforço. Meu palpite, aquela terceira dose da poliomielite foi o que nos salvou.

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Amor, agora está tudo mudado. Confere no calendário quando eu vou ser vacinado. E você? E você minha riqueza? É muito cedo pra morrer. Tem uma vida pra depois da pandemia. Tem muita cerveja, muito avião, muita festa de aglomeração para quando tudo isso acabar. 

Amor, deita comigo. Espera um pouquinho. Vou respirar. É tanta coisa na cabeça que pode até acontecer (ou não acontecer). Na “Hora H”, talvez não “D”. Problemas de logística, eu também posso falhar. 

Amor, tanta ansiedade pela Coronavac. Faz aí um sinal da cruz, pela Fiocruz. Sussurra no meu ouvido. Sussurra algo como SUS. Ai que gostoso. Já estou arrepiado. Faz SUS de novo, faz.

Acho que vai dar pé. Já sinto a eficiência global da coisa toda atingindo o mínimo exigido pela OMS. 

Amor, vem, vamos brincar de jacaré.

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