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Mccoy abre, Mike Stern encerra

Por Roberto Nascimento
Atualização:

As atrações principais da Mimo começaram mornas, com apresentações do pianista caribenho Mário Canonge e da trupe francesa de jazz cigano, Selmer # 607, na sexta e no sábado. Em meio a chuvas que iam e vinham à mercê dos ventos recifenses, Canonge animou a plateia da Igreja da Sé, tocando mescla popular de jazz contemporâneo e ritmos caribenhos. Os franceses, guardiães da tradição manouche de Django Reinhardt, agradaram com o característico pulsar, semelhante ao som de uma locomotiva, do mestre guitarrista. Mas faltava algo de peso, um som estonteante que, por força de expressividade transcendesse a religiosidade sofrida dos altares barrocos que abrigavam os músicos. Faltava McCoy Tyner. Na mesma igreja, o mestre pianista, parceiro de Coltrane, pioneiro em conceitos harmônicos revolucionários fez uma missa de jazz viril, executada com equilíbrio dinâmico, elegância de toque, participação do sax econômico de Gary Bartz e aquela magia que hipnotiza o espectador ao ver e ouvir algo que havia escutado por anos nos discos. McCoy esquentou a Mimo. Logo após seu show, Tom Zé lotou a praça central e declarou aberta a temporada de carnaval na cidade, decreto confirmado pela Orquestra Contemporânea de Olinda no dia seguinte, quando fez o público cair na algazarra de afrobeats, reggaes e frevos que compõem o ótimo show do grupo. Na noite de terça, Mike Stern encerrou a mostra com sua boa técnica e, em alguns momentos, alma. Guitarrista baluarte do jazz fusion, parceiro de Miles Davis e Jaco Pastorius nos anos 80, Stern não fugiu do esperado com os conhecidos riffs de blues, distorção e lirismo de bebop que caracterizam o gênero.

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