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Max Irons fala sobre divisão de classe e ‘papo de macho’

Embora Max Irons tenha vindo de uma família ilustre de atores e já tenha tido um gostinho de Hollywood, ele está ciente do vazio e da natureza fugaz da fama e da fortuna. Essa consciência ajudou o ator britânico a interpretar o personagem durão do filme "The Riot Club", que acaba de estrear nos cinemas britânicos. O filme explora os excessos violentos dos frequentadores de uma universidade de elite e é inspirado em parte no Clube Bullingdon, da Universidade Oxford. Irons, de 28 anos, relativamente novato no cinema e na televisão, é filho do ator Jeremy Irons, ganhador do Oscar, e da artiz irlandesa Sinead Cusack. O elenco se deu bem, mas, ao contrário de seu personagem cuca-fresca, Irons confessou ter ficado “aterrorizado” no começo. “Pensei ‘e se todos quiserem competir e tentarem superar uns aos outros?’”, disse Irons à Reuters. “Nunca fui bom nessa coisa de papo de macho, eu meio que travo e me escondo no banheiro, fico do lado de fora fumando, tudo para fugir daquilo.” Enquanto estava no Festival Internacional de Cinema de Toronto para a estreia de "The Riot Club”, Irons conversou com a Reuters sobre a luta de classes na Grã-Bretanha e como foi trabalhar no filme.

Por SOLARINA HO
Atualização:

P: O que o atraiu em "The Riot Club"?

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R: Quando li o roteiro pela primeira vez, na verdade não gostei, achei muito desagradável. Sei que algumas pessoas gostam disso, e as acho desagradáveis.

P: Por que você pediu para fazer o papel de Miles?

R: Entendi seu problema, que era se sentir seduzido ao ser convidado para se juntar aos mais importantes e tudo que isso significaria na trajetória de sua vida. Só estando dentro você percebia que não era gratificante, que na verdade era algo sombrio e corrupto.

P: O que há na questão de classes e privilégios que torna esse tema tão recorrente no cinema?

R: A divisão que temos na sociedade parece estar ficando cada vez maior... acho que as pessoas precisam começar a pensar nisso.

Embora seja uma abordagem fictícia... o fato de que nosso primeiro-ministro (David Cameron), o prefeito de Londres (Boris Johnson) e nosso secretário das Finanças (George Osborne) tenham sido deste clube... quero saber mais sobre isso tudo. Eles não eram novos, tinham idade para ter discernimento aos 22, 23 anos.

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O filme simplesmente lança um olhar sobre um ambiente que existe, sem julgá-lo. Agora, se eles não gostam do que há nesse ambiente, não deveriam estar ali. Só estamos abrindo a porta, como os filmes muitas vezes fazem, como a literatura faz, como a arte faz.

P: Por que o final é importante?

R: Acho que é muito importante mostrar como aquilo infelizmente é de verdade. Tivemos os tumultos em Londres... acho que eles têm razão para se queixarem. As oportunidades são poucas e raras. Mesmo assim, eles estilhaçam uma vitrine e pegam três anos de prisão para servirem de exemplo.

Se o que ouvimos sobre o Clube Bullingdon é verdade, e sobre o que aprontam, estão fazendo a mesma coisa, com mais idade para discernir, depois de receberem todas as vantagens possíveis, mas podem simplesmente pagar por isso.

P: Como foi trabalhar com a diretora Lone Scherfig?

R: Ela é incrível - ter uma mulher como ela no set. Ela tem uma compreensão tão perspicaz do sistema de classes, a luta de classes. Mas também ela foi muito capaz de controlar 10 atores cheios de energia ... Poderia ter sido um pesadelo.

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