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Masp vai receber acervo egípcio do Louvre

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma amostra do acervo egípcio do Museu do Louvre chega ao Museu de Arte São Paulo (Masp) em maio deste ano na exposição Egito Faraônico - Terra dos Deuses. São 88 peças, extraídas de um acervo de 55 mil itens, enfocando a religiosidade desse povo, cuja cultura se perdeu durante quase dois milênios e só começou a ser recuperada no início do século 19, quando Napoleão Bonaparte invadiu o país. Haverá desde grandes painéis em pedra, com 2 metros de comprimento e 2 toneladas de peso, a pequenas jóias em ouro, sem esquecer de objetos decorativos e religiosos, sarcófagos, múmias e papiros. "Escolhemos a religião como tema porque esse é o traço comum aos três mil anos da cultura egípcia antiga. É seu fundamento político e social e, enfocando esse ângulo, damos um corte transversal em toda a história desse povo", diz a curadora da mostra, Elisabeth Delange, da equipe do Museu do Louvre. Ela está no Brasil desde o início da semana e veio conhecer as condições do Masp e da Casa França Brasil, no Rio, para onde a exposição vai em agosto. "Tal como vocês são, os egípcios eram um povo de muita religiosidade e nossa intenção é dar aos brasileiros uma chave para entender essa cultura. Espero mesmo deixar muitos egiptólogos aqui quando formos embora." Para efeito didático, a exposição será dividida em cinco módulos, de acordo com o uso do objeto exibido. A relação dos faraós com os deuses, quantas e quais eram essas divindades, como a população se comportava diante da religião, os cultos dos vivos e os cultos que os preparavam para além da morte são os assuntos abordados em peças que datam do século 18 antes de Cristo ao século quarto da mesma era. "Antes do segundo milênio do período pré-cristão, não há muita coisa. Só os reis, considerados encarnações dos deuses, podiam ser retradados e existem mais textos que imagens", explica Elisabeth, que estuda o assunto no Louvre há mais de 20 anos. "No entanto, é bom ressaltar que nada do que está no nosso acervo foi trazido por Napoleão e sim por pesquisadores que foram lá depois dele." Peças repetidas - Ela adianta que parte das peças estão na exposição permanente do Louvre (embora as mais importantes, como a escultura Escriba Sentado, uma das mais visitadas, sejam proibidas de sair da França).Outras jamais foram vistas pelo público. "No nosso acervo, que só é superado pelo Museu do Cairo, capital do Egito, há muitas peças repetidas, como alguns caixas de madeira trabalhada, das quais traremos meia dúzia", comenta a curadora. "Temos 3 mil exemplares delas. É claro que nem todos têm interesse suficiente para serem exibidos, mas são objetos de documentação." Trazer esse pequeno acervo para o Brasil é uma negociação que já dura um ano. Em março de 2000, a diretora do Departamento de Antiguidade Egípcia do Louvre, Christianne Ziegler, esteve visitando os possíveis espaços para a exposição, um lugar com pelo menos mil metros quadrados de área e onde fosse possível manter o nível de umidade em 50% e a temperatura ambiente em 20º Celsius. "Aqui no Brasil, pelo fato de o clima ser semelhante ao do Egito, não há tantos problemas de conservação do material em papiro ou madeira, mas o que vem em cobre ou bronze exige cuidados especiais", avista Elisabeth. Por enquanto, o orçamento da mostra no Rio e em São Paulo ainda não foi fechado, mas o Consulado da França já busca os patrocínios. Parte virá da Lei Rouanet.

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