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Masp exibe o esplendor da Paris 1900

Exposição revela um panorama dos tempos da virada do século, de 1880 a 1914, quando a Cidade-Luz tornou-se a capital do mundo artístico e cultural

Por Agencia Estado
Atualização:

Rendamos graças aos pedreiros franceses por sua demora na reforma do Petit Palais, em Paris. O prédio, inaugurado para a Exposição Universal de 1900, só será entregue restaurado em 2004. E, por isso, o acervo do Petit Palais, com 165 peças de sua coleção, pode vir aqui para o Brasil, para a exposição Paris 1900, que será inaugurada hoje no Masp para convidados e amanhã para o público, durando até 6 de outubro. Com curadoria de Gilles Chazal, diretor do Petit Palais, e coordenação-geral de Romaric Sulger Buel, a mostra celebra uma época de ouro, a Belle Époque, entre 1880 e 1914, quando Paris era o centro do mundo. O título Paris 1900 resume o tema, que na verdade se refere à virada do século marcada pela Exposição Universal de Paris, naquele ano. A Cidade-Luz na época vivia uma época de efervescência. Ganhou aliás esse apelido por causa da sua iluminação a eletricidade. Foi um tempo em que ninguém parava. Zanzando pelos bulevares, nos cafés ou nas suas águas-furtadas, os artistas descobriam a vanguarda, os arquitetos encontravam o ferro, a arte moderna nascia ao contato, nas exposições universais, com a arte africana e russa. As artes aplicadas ganhavam um status diferente, cabarés como o Moulin Rouge viram motivo dos pintores e cartazes se tornam, graças a Mucha e Toulouse-Lautrec, mais do que papel pintado. A mostra, que estará no subsolo do museu, que é conhecido como galeria Clemente inclui, além das peças do Petit Palais, obras da própria coleção do Masp. São nove módulos. O primeiro, tem muitas fotos que mostram o tema: o Petit Palais e a Exposição Universal. Na época, foram inaugurados o Metrô e a Torre Eiffel. Na exposição, além das fotos, há o mapa da mostra de 1900 e encadernações preciosas. O segundo módulo é Paixões de Sarah Bernhardt. Há na mostra uma sala com retratos da atriz, uma litorfaia de Toulouse-Lautrec com Sarah como Fedra, seu papel-fetiche, fotos e uma faiança. Ela também foi escultora de certo prestígio e um de seus trabalhos, um busto de Sardou, está no Masp. Sarah Bernhardt, a musa da Belle Époque, era revolucionária, no seu comportamento e até fisicamente. Contra as matronas opulentas das décadas anteriores, ela era mignonne, esbelta, sempre de espartilho para realçar o que precisava ser visto e minimizar o que era melhor passar desapercebido. Quando morreu, em 1923, aos 79 anos, teve um enterro memorável que parou Paris. O terceiro módulo é sobre A Parisiense, que tem muitos retratos, sobretudo o da Mulher de Luvas, de Charles Giron. É o exemplo da parisiense que dava as cartas na Paris 1900, desde as damas da sociedade até as mulheres do povo, as atrizes, as prostitutas. Elas movem o mundo da vida parisiense, são o motor dos novos tempos. Um destaque do módulo é o retrato de Madame de Bonnières, de Renoir. Vem a seguir O Cotidiano, onde se vê uma série de quadros de pintores naturalistas, que buscam a inspiração nas cenas do dia-a-dia. Os módulos 5 e 6 é o das Buscas Espirituais, que focaliza os artistas simbolistas, que simultaneamente aos naturalistas, dividiam a agitação artística da Paris 1900. Alguns dos maiores nomes do simbolismo estão na exposição: Gustave Moreau, Fantin-Latour, e Odilon Redon, além de uma escultura de Rodin, L´Amour et Psyché, que é uma espécie de transição entre naturalistas e simbolistas. O módulo 7 é um dos mais interessantes da mostra e dedicado ao Art Nouveau. Em 1900, a chamada arte aplicada espalhou-se por copos, broches, vasos, taças, móveis, grades e portão e janelas, jóias. Com um gosto pelo barroco e pelo exagero, com muita influência oriental, o Art Nouveau domina a arte do cotidiano dessa épocas. Originou-se na loja de Sigfried Bin, na Rua de Provence, que expunha jóias de Lalique, vidros de Gallé, vitrais de Tiffany, móveis de Van der Velde. Foi um movimento internacional que durou até a Primeira Guerra Mundial. na mostra, vê-se porque Gallé é um criador original que usa seus conhecimentos de biologia, além de revolucionar a técnica do vidro. Lalique e Foquet surgem com jóias que usam materiais antes rejeitados como marfim e esmalte. As máscaras de Jean Carriès também chamam a atenção. O oitavo módulo traz a atuação do marchand Ambroise Vollard, decisivo para o estabelcimento de Paris como a capital artística da época e o último módulo inclui a moda, o cinema, o café, com roupas de época e um documentário sobre a Paris 1900, além de um café típico, com croissants e bom vinho. Paris 1900. No Masp (av. Paulista, 1578 - tel. 251-5644). Das 11 às 18h, de terça a domingo. Ingressos: R$ 10 e R$ 5.

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