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Masp é público, diz Gilberto Chateabriand

?O museu foi pago pelo governo?, lembrou o filho do fundador do museu, falando ao Estado por telefone de sua fazenda na região de Campinas

Por Agencia Estado
Atualização:

O colecionador Gilberto Chateaubriand, filho do fundador do Museu de Arte de São Paulo (Masp), Assis Chateaubriand, considera que a coleção do museu é patrimônio público não apenas por ser tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), mas por direito. ?O museu foi pago pelo governo?, lembrou Chateaubriand, falando ao Estado por telefone de sua fazenda na região de Campinas. Segundo Chateaubriand, o governo de Juscelino Kubitschek, em 1957, salvou de seqüestro judicial as obras do Masp que estavam expostas no Metropolitan Museum de Nova York. Na época, Pietro Maria Bardi e Assis Chateaubriand tinham constituído uma dívida de cerca de US$ 6 milhões com aquisições, e os credores, na Justiça americana, conseguiram o bloqueio das obras durante uma exposição. ?O Chatô foi procurar Juscelino dizendo que se suicidava se o problema não fosse resolvido. E o Juscelino mandou o José Maria Alkimin, que era o ministro da Fazenda, liberar o dinheiro, cerca de US$ 5 milhões?. O empréstimo com o Estado brasileiro, contraído pela empresa jornalística de Chateaubriand à Caixa Econômica, ?desapareceu? depois de uma anistia - um tipo de Proer (o controverso programa de socorro a bancos insolventes) da época. Gilberto Chateaubriand também disse que, como colecionador, exigiria uma perícia nas obras que ficaram no Masp durante os três dias em que o museu funcionou com a ajuda de geradores. Chateaubriand possui um dos maiores acervos de obras contemporâneas de artistas brasileiros, e acaba de emprestar 120 dessas obras a uma mostra para a abertura de novo Centro Cultural do banco Santander na capital gaúcha. Voto de confiança à atual diretoria Mas o colecionador salientou que sua posição é de dar um ?voto de confiança? à atual diretoria do museu. ?Evidentemente, não faz bem à imagem do Brasil (o corte de energia), mas acho que isso tudo vai ser contornado, porque a diretoria que tem lá é de homens de negócios?, disse o colecionador, que também afirmou não ter acompanhado com atenção o caso. ?Acredito que isso é um percalço. Preocupa muito, mas deve ser contornado?. A visitação do Masp no final de semana voltou a ser intensa após os problemas que o museu enfrentou - teve a luz cortada pela AES Eletropaulo por falta de pagamento. Cerca de mil pessoas por dia têm passado pelo museu. Hoje é o dia de visitação gratuita agendada - foi justamente nesse dia que a luz foi cortada, há uma semana. ?Uma lamentável coincidência?, afirmou o presidente do museu, Júlio Neves, na semana passada. Durante 7 anos, o museu só pagou regularmente a energia elétrica nos últimos 11 meses e deve cerca de R$ 3,4 milhões. A dívida foi renegociada e deverá ser paga em 48 vezes pela instituição, que deu garantias financeiras de que cumprirá o acordo. Em 2002, a Eletropaulo tinha sido a patrocinadora da exposição Renoir. A Exposição Degas é patrocinada pelo Bradesco Prime e pela AGF Seguros. Tem curadoria de Romaric Sulger Büel (ex-adido cultural da embaixada da França no Brasil) e de Eugênia Gorini Esmeraldo, coordenadora de Intercâmbio do museu. Também tem consultoria da historiadora Ana Gonçalves Magalhães.

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