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Marvel cria versão digital

Editora aposta no aumento da venda de histórias para tablets, que já movimenta US$ 25 milhões ao ano

Por GEORGE GENE GUSTINES e NOVA YORK
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O álbum Os Vingadores versus X-Men está dando aos fãs aquilo que se acostumaram a esperar da Marvel Comics: perigos capazes de destruir a Terra, retratados de modo vívido em páginas preparadas por grandes escritores e artistas. Mas, desta vez, a editora oferece uma novidade: o primeiro Infinite Comic, prelúdio à história em versão exclusivamente digital. É um novo passo da indústria dos quadrinhos, na tentativa de abraçar o formato digital - o que pode significar um novo capítulo na história do gênero."É a primeira vez que criamos uma história para tablets", conta Axel Alonso, editor-chefe da Marvel. "Ela mantém todas as convenções familiares dos quadrinhos - bordas, legendas, balões com diálogos. Mas não se trata de animação. Não há narração, trilha sonora. Isto é o mais importante: o leitor continua a comandar a experiência da leitura. The Infinite Comic, escrito por Mark Waid e ilustrado por Stuart Immonen, aborda a jornada do herói Nova desde o espaço sideral até a Terra, onde alerta os vingadores de uma ameaça iminente, estabelecendo o cenário da narrativa.Ao ler um álbum tradicional de quadrinhos, o olho não consegue evitar contemplar a página como um todo, logo de cara. O formato digital, nesse sentido, pode oferecer surpresas. À medida que cada quadro aparece na tela, mudanças nas ilustrações e diversos detalhes sutis ganham nova força. Da mesma forma, a possibilidade de ampliar as imagens multiplica a experiência da leitura.Celebrado autor da Marvel e de outras editoras menores, Waid acredita que algumas concessões precisaram ser feitas. A internet pode ser infinita, diz, mas as proporções de um tablet não são. Mesmo no iPad, a tela é cerca de 20% menor do que a página de um álbum impresso. "Mas a vantagem está no ganho com a distribuição internacional, mais barata, em vez de depender exclusivamente de vendas em lojas especializadas."Como outras áreas da mídia impressa, a indústria de quadrinhos tem batalhado para manter a relação com os leitores. Em 2009, as vendas de números individuais e coleções especiais totalizaram US$ 680 milhões; em 2010, caíram para US$ 635 milhões; e, em 2011, tiveram pequena alta: US$ 640 milhões. Ao longo desse período, segundo Milton Griepp, fundador da ICv2, publicação sobre o mercado editorial, a venda de edições digitais de HQs foi de US$ 1 milhão para US$ 25 milhões. Como sugere a experiência com Os Vingadores, muitos na indústria acreditam que os formatos devem complementar um ao outro. Versões impressas custam de US$ 2,99 a US$ 3,99, e editores começam a oferecer complementos digitais ou como brinde ou mediante o pagamento de US$1 a mais. Se compradas sem a versão impressa, as adaptações digitais costumam custar também entre US$ 2 e US$ 3. Waid acaba de criar um site chamado Thrillbent, dedicado a oferecer versões digitais gratuitas de quadrinhos. "Não quero matar o impresso, as duas versões podem coexistir, mas é preciso igualar as chances no campo de batalha."

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