Marina Person faz cinema voltar à MTV

Além de comandar o Cine MTV, que volta à emissora em fevereiro, ela também está produzindo um documentário sobre seu pai, o diretor Luís Sérgio Person

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Por Agencia Estado
Atualização:

Cineasta, filha de cineasta e cinéfila, a VJ da MTV Marina Person só tem a comemorar a volta do Cine MTV. O programa, que a lançou na emissora em 1995, quando entrou para substituir a VJ Cris Couto, que estava de licença-maternidade, volta à grade da MTV a partir de fevereiro do ano que vem. "Estou animada. Cinema é um dos assuntos sobre os quais mais gosto de falar. Ainda mais agora, que as produções nacionais estão em uma fase tão boa", diz Marina, que se formou pela Escola de Comunicação de Artes da USP em 1994. Ela conta que o programa ainda não está completamente definido, mas garante novidades além das notícias e dos making of exibidos durante os quatro anos em que ficou no ar. Segundo ela, entrevistas com pessoas de dentro e de fora do meio cinematográfico e perfis de artistas são alguns dos novos quadros. Por falar em filha de cineasta, o Cine MTV não é o único projeto de cinema de Marina. Ela está produzindo, desde 1998, um documentário sobre a vida e a obra de seu pai, Luis Sérgio Person, cineasta responsável por alguns dos principais trabalhos da filmografia brasileira, como São Paulo S/A e O Caso dos Irmãos Naves. "Esse filme foi uma maneira de eu descobrir coisas do meu pai às quais não tive acesso em vida", explicou Marina, que tinha 7 anos quando o pai morreu de acidente, em 1976. "É um processo doloroso, pois mexe com a perda dele, mas é também uma maneira de eu humanizar meu pai", afirma. O projeto começou com a idéia de um curta, que conseguiu financiamento por meio do prêmio de Curta Metragem, com o qual ela ganhou uma verba de R$ 40 mil do Ministério da Cultura para começar a rodar. Marina saiu então em busca de pessoas que trabalharam ou conviveram com Person para entrevistar e selecionou imagens de filmes e fotos do pai. Conforme reunia o material, ela percebeu que a vida do pai era grande demais para um curta. Ampliou os planos e decidiu fazer um longa-metragem. "São muitas histórias e muitos depoimentos. Seria um pena ter de cortá-los", justifica. Entre os depoimentos já colhidos estão os dos atores Walmor Chagas, Raul Cortez, Paulo José e Eva Wilma, que era amiga íntima da família, além do roteirista Jean-Claude Bernardet, que revelou inclusive projetos de Person, e o diretor teatral Antunes Filho, que foi seu amigo desde a adolescência. "As declarações dessas pessoas foram fundamentais e emocionantes. É como se o fato de descobrir quem foi o meu pai explicasse o interesse por cinema que eu tinha desde pequena", conta Marina. "A tendência, quando a pessoa morre, é mitificá-la. Eu queria exatamente quebrar essa idealização para tentar conviver com uma pessoa real." Para ampliar o projeto, Marina conseguiu também o apoio da Secretaria Estadual de Cultura, através do Concurso de Finalização de Documentários, e da Fundação Padre Anchieta, co-produtora do projeto, que juntas contribuíram com mais R$ 160 mil para a produção - que será feita também na forma de um documentário para ser exibido pela televisão. Marina espera concluir o longa no primeiro semestre do ano que vem, mas já tem planos para outros filmes. "Tenho muita vontade de fazer um filme e já tenho algumas idéias, mas ainda não posso adiantar nada", desconversa. O documentário sobre a vida do pai não é o primeiro trabalho dela no cinema. Seu curta de estréia, Almoço Executivo, que contou com a atuação dos amigos Cazé Peçanha, Cris Couto e Astrid Fontenelle, venceu o prêmio de direção no Festival de Gramado, em 1996. "Não sei se está mais fácil fazer cinema nacional hoje. Tenho a impressão de que há menos descrença, que as pessoas têm menos preconceito hoje em dia", diz ela. "Mas para quem está começando é sempre difícil", garante a cineasta, que aposta em Cidade de Deus como vencedor do Oscar de filme estrangeiro de 2003.

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