Marília Gabriela estréia como atriz

Dirigida por Gerald Thomas, a jornalista faz sua primeira experiência como atriz na peça Esperando Beckett, que estréia sábado para o público, no Sesc Anchieta

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Por Agencia Estado
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Protagonizado pela jornalista Marília Gabriela com a Cia. de Ópera Seca e sob direção de Gerald Thomas estréia nessa sexta-feira, no Sesc Anchieta o monólogo Esperando Beckett. Primeira experiência de Gabi como atriz, o espetáculo estreou no ano passado, no Rio. Entusiasmada com o resultado, a jornalista já pensa em atuar novamente sob direção de Thomas, desta vez em companhia de seus dois filhos numa versão muito particular do diretor para Rei Lear, uma espécie de Rainha Lear. Thomas planeja ainda dirigir um espetáculo protagonizado pelo namorado da jornalista, o ator Reynaldo Gianechinni. Ele garante que não será Hamlet, de Shakespeare, como foi noticiado. "Vou criar um texto especialmente para ele, baseado no fenômeno de mídia que ele é", afirma Thomas. Antes de decidir encenar Esperando Beckett, o desejo do diretor era levar ao palco o romance Malone Morre, escrito por Samuel Beckett em 1948, um dos muitos romances nos quais o autor expressa o absurdo da existência do homem pós-guerra. Um homem marcado pela instabilidade e pela insegurança, que não vê mais sentido num mundo onde valores religiosos e intelectuais não foram capazes de impedir a perseguição, o terror e o genocídio da 2.ª Guerra. "Malone é um dos textos existenciais mais iconográficos do Beckett", diz Thomas, que não conseguiu a liberação dos direitos autorais para a montagem do texto. "Quando Beckett era vivo, éramos amigos e ele liberava todos os seus textos para eu montar. Agora que ele morreu, os detentores dos direitos sobre sua obra - Editions du Minuit - me negaram esse direito", afirma. "Fui obrigado a escrever um texto, Esperando Beckett", no qual faço citações de Malone, o que não é proibido." Thomas enumera vários motivos para ter escolhido Gabi para atuar no espetáculo. "Ela tem uma personalidade única, é uma voz presente há muitos anos, uma mulher sensível, lúcida, inteligente e perspicaz", argumenta. Opinião compartilhada por muitos dos que acompanham a carreira da jornalista. Mas como será a Gabi atriz, uma faceta ainda não revelada? "Brilhante", afirma Thomas. "Ela supreende, está deslumbrante." O entusiasmo de Gabi não é menor. E ousa dizer que foi "fácil" atuar. A primeira parte da peça tem nove minutos e transcorre num estúdio de televisão, onde ela se prepara para entrevistar Beckett. "Gerald captou de forma muito inteligente o clima de um estúdio de TV. Existe uma mitologia em torno da televisão, um glamour, que nada tem a ver com a realidade, muito mais corriqueira", afirma. Ninho Moraes, o diretor de Gabi na Rede TV, escreveu o texto inicial do espetáculo e sua voz pode ser ouvida em off no espetáculo. "A movimentação no estúdio é encenada pelos atores da Cia. de Ópera Seca, uma encenação não realista." Repentinamente, todo o estúdio entra em colapso e logo depois chega Beckett. "Eu fico então tão nervosa que deixo cair minha fichas com as anotações para a entrevista." A partir daí, Gabi passa a viver o personagem becketiano de Malone "O personagem faz um inventário de sua vida, mas na verdade é uma adaptação de Gerald para o texto, divertida e comovente, que remete também à ausência de Beckett. Não foi difícil fazer, porque compreendo o sentido de tudo o que é dito em cena." Esperando Beckett. Comédia. Concepção e direção Gerald Thomas. Duração: 50 minutos. De quinta a sábado, às 21 horas; domingo, às 20 horas. R$ 20,00 e R$ 30,00 (sábado). Teatro Sesc Anchieta. Rua Doutor Vila Nova, 245, tel. 234-3000. Até 1/4. Amanhã, para convidados, estréia sábado para o público

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