A cadeira do jornalista e empresário Roberto Marinho, na Academia Brasileira de Letras, será declarada vaga hoje, na Sessão da Saudade, mas já tem dono provável: o ex-vice-presidente da República e atual senador Marco Maciel (PFL-PE). O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro nome lembrado, mas sua assessoria desconversa sobre o assunto. Já Maciel, segundo alguns acadêmicos, distribuiu há tempos exemplares de seus dois livros a possíveis eleitores e conta com a simpatia de boa parte deles. O senador mantém seu estilo discreto ao abordar o assunto, até porque declarar-se candidato antes da Sessão da Saudade contraria a etiqueta da casa e fere de morte qualquer chance de imortalidade. Sobre o assunto, ele divulga, por sua assessoria parlamentar, a seguinte declaração: "Acho que a lembrança do meu nome é uma demonstração de apreço. Mas sei que o Brasil tem excelentes figuras e excelentes quadros. Não quero fazer nenhum comentário sobre isso porque ainda não é o momento." Seria uma resposta definitiva? "Tudo tem o seu tempo, não vamos colocar o depois antes do antes", completam seus assessores. Os acadêmicos, na verdade, sonhavam com o arquiteto Oscar Niemeyer ou com o escritor mineiro Fernando Sabino, ambos arredios à imortalidade. "Eles têm a vaidade da modéstia", disse um deles, que costuma acertar os prognósticos e até resultados de eleições, mas só fala no anonimato. "Fernando Henrique não quer se candidatar e certamente não teria o voto do José Sarney. Portanto, Maciel deve ser candidato único." Outro acadêmico, sob a mesma condição, completa: "Tem gente que diz que é preciso um nome à altura do Roberto Marinho para substituí-lo, mas a própria Academia engrandece os candidatos." O escritor Marcos Madeira diz que "pouca gente sabe que ele é um bom ensaísta e professor de Direito Internacional da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)." Maciel publicou dois livros acadêmicos, ambos pela José Olympio, Educação Liberalismo, em 1987, e Idéias Liberais e Realidade Brasileira, em 1989, ambos esgotados. Eles fazem parte do catálogo da editora, hoje parte do conglomerado da Record, ou seja, basta haver demanda que podem ser reeditados.