
29 de setembro de 2010 | 10h41
Marcelo D2, o rapper ou o sambista, se encontra numa linha tênue entre as duas vertentes da música. Desde que entrou de cabeça em sua carreira solo, após o fim do Planet Hemp, em 2001, o músico foi se afastando mais e mais do verso falado. E se dirigia a passos largos em direção ao samba. Por isso tornou-se ainda mais famoso e colecionou elogios. Agora, verso só cantado.
Quando Bezerra, o mentor e centro de toda dessa mudança morreu, em 2005, D2 já estava em busca da batida perfeita. A mistura de rap com samba havia começado oficialmente dois anos antes, com o disco "À Procura da Batida Perfeita". A influencia do mestre estava lá. No ano seguinte, o "Acústico MTV" foi lançado. Quando recebeu a notícia de que Bezerra da Silva havia morrido, na manhã de 17 de janeiro, pegou o primeiro voo da ponte aérea São Paulo-Rio de Janeiro. Ao chegar ao Teatro João Caetano, no centro do Rio, encontrou Zeca Pagodinho, sentado, com cerveja na mão. "Em enterro de sambista, se comemora", disse o colega. Aquele que já não era mais tão rapper assim concordou e comemorou.
Ali, entre uma história e outra sobre o ''repórter do morro'', como Bezerra era chamado, veio a ideia de fazer uma homenagem a ele. "Fiquei com isso martelando na minha cabeça. Sabe qual é?". Só neste ano, o ritmo acelerado do produtor Leandro Sapucahy animou Marcelo D2. Em maio, eles começaram a se debruçar nos vinis de Bezerra que o rapper/sambista tinha em casa. "Primeiro, selecionamos umas 50 músicas. Depois, reduzimos até chegar às 14 que colocamos no disco", explica ele.
O CD "Marcelo D2 Canta Bezerra da Silva" compila as grandes músicas do sambista. "Se Não Fosse o Samba", "Quem Usa Antena é Televisão" e "Minha Sogra Parece Sapatão" estão entre as escolhidas. As canções "Malandro Rife" e "Malandragem Dá Um Tempo" parecem ter sido feitas para a voz de D2. E é voz, mesmo. O disco é inteiramente cantado pelo rapper. O time que o acompanha também é de primeira: Jota Moraes nos arranjos, Carlinhos Sete Cordas, Jerominho Fernandes e Marcos Arcanjo nos violões, além de Miudinho e Leandro Sapucahy em ação nos pandeiros. As informações são do Jornal da Tarde.
Lançamento - "Marcelo D2 Canta Bezerra da Silva"
EMI Music
Preço: R$ 20
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