Você ganhou fama como escritor e roteirista de filmes violentos e autorais como O Invasor e Matadores. Como foi estrear na TV?
Ótimo. Já havia escrito para a TV, dois capítulos de Filhos do Carnaval, da HBO, em 2007, mas sempre fui de cinema. Um dia a Globo chamou a mim e ao Fernando Bonassi. Disseram: "Há dez anos não temos um seriado policial. Queremos isso. Não sabemos qual. Vocês vão nos dizer o que vai ser. A condição é que seja policial, contemporâneo e se passe no Rio." Assim nasceu Força Tarefa, série policial que escrevemos juntos e não tem nenhuma história na favela.
E você já foi repórter policial...
Foi a chance de escrever sobre algo que desde os tempos de jornalista (do Jornal da Tarde e do Estado) me interessava, a polícia que investiga a própria polícia. E escrever para um veículo que não conhecia. Concluí que, apesar das críticas, a TV está certa. É entretenimento. Falamos que queremos revolucionar a TV, mas se o fizermos, vamos fazer m.... TV não é lugar de arte. Tem ritmo próprio.
Mas pode ser massacrante.
Este é o desafio. Sempre busquei inspiração na vida. Pela primeira vez, fui a uma pesquisa de público, para a Força Tarefa: passei dias numa sala com um espelho pelo qual vi e entendi o espectador que assistia a que criei. Deu certo. Já estamos preparando a próxima temporada.
Embora você escreva "histórias de macho", o público feminino adora seus livros, como o Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios.
É porque sempre falo de amor. Em Eu Receberia, que vai virar filme do Beto Brant com Camila Pitanga, a última palavra é amor. O que nos faz levantar todo o dia? O amor e seu poder modificador. Essa é a única sabedoria.
Seu novo livro é sobre amor?
Vai se chamar Como se O Mundo Fosse um Lugar Bom. É sobre uma família de gânsteres do Canindé que está se desmantelando. Família ainda é importante.
Sua filha mora com você. Como é criar uma adolescente?
Nada fácil, mas adoro. Ela tem 17 anos e está comigo há 2. Mudou tudo. Às 6 da manhã levanto para prepará-la para a escola. Respeitamos nossos espaços e nos damos bem. Aos 52, já deixei meu legado genético à humanidade, meu livro Cabeça a Prêmio virou filme e vou lançar outro no fim do ano. Tá bom, né?