"Manon" é obra-prima de Massenet

Apresentada pela primeira vez em janeiro de 1884, Manon é considerada por muitos a obra-prima de Jules Massenet

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Por Agencia Estado
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Apresentada pela primeira vez em janeiro de 1884, Manon é considerada por muitos a obra-prima de Jules Massenet. Pode-se concordar ou não com isso, mas o fato é que, entre as 25 óperas do compositor francês, é esta - que ganha montagem a partir de amanhã no Teatro Alfa - a mais representada. E isso se deve, segundo o dicionário Kobbe, à força da personagem-título e à habilidade do compositor em mostrar com clareza as mudanças pelas quais passa Manon, desde a inocência até a avidez pela riqueza, que a faz renunciar ao seu grande amor e, mais tarde, à própria vida. Musicalmente, segundo o maestro Luiz Fernando Malheiro, Manon é extremamente importante dentro do contexto da história da ópera francesa. "É uma ópera de transição, na qual diversos elementos e estilos de composição se combinam. Daí vem uma dificuldade que, em parte, explica o porquê de a ópera ser tão negligenciada em alguns lugares. Perto da Valquíria, reger Manon é um verdadeiro passeio no parque", diz o maestro, com a partitura totalmente anotada e rabiscada nas mãos. Em termos cênicos, as dificuldades também não são poucas. "Ao primeiro olhar, parece difícil compreender como a ópera se mantém coesa. São cinco atos, seis cenas, locações diferentes, por isso era necessário ter algo que unisse toda a ação", diz Aidan Lang, que relembra que a ópera é baseada em um livro - A História do Cavaleiro Des Grieux e de Manon Lescaut, do Abade Prevost - que, por sua vez, tem como ponto de partida a visão de Des Grieux sobre a história de amor com Manon. "Todo o livro é, na verdade, sobre ele e sua obsessão por Manon e, mesmo se assumirmos que tudo o que ele narra é, de fato, verdade, precisamos criar uma trajetória para Manon por meio de sua narrativa, pois na novela suas motivações são, na verdade, as do próprio Des Grieux." Posto isso, Lang vê Manon como uma personagem dividida, presa entre dois mundos. "De um lado aparece a sociedade, na figura de Brétigny, e o vazio emocional que o luxo e a riqueza impõem a ela. De outro, está Des Grieux e a pureza de sentimento, a paixão. E é essa a principal crise do personagem. Apenas no final ele vai compreender o que, de fato, é o amor e, então, até a maneira de pronunciar Je T´aime é diferente." Outra dificuldade, ainda advinda da superposição de interpretações, é o fato de que, segundo Lang, Massenet escreveu a ópera supondo que o público francês conhecesse o livro de Prevost, um dos mais importantes da literatura francesa considerado um precursor do Pré-Romantismo. "Ele alterou a ordem das cenas, pois, operisticamente, lhe pareceu conveniente e isso nos força a criar um histórico cênico para que o público compreenda a trama." A montagem apóia-se, dessa forma, na construção dos personagens, em um ambiente longe da precisão naturalista, mas que, bem ao modo de Lang, prefere sugerir do que afirmar. Serviço - Manon. Obra em cinco atos de Jules Massenet. Duração 3 horas (com 2 intervalos). Quarta e sexta, às 20h30; domingo, às 17 horas; terça, quinta e sábado (7), às 20h30. De R$ 65,00 a R$ 180,00. Amanhã e sexta, das 18 às 19h30, grátis, Ópera Comentada palestra com o maestro Abel Rocha; quinta, às 20 horas, grátis, Encontro Sobre Ópera. Mediador, Lauro Machado Coelho. Com Aidan Lang, Jorge Takla, Luiz Fernando Malheiro, Abel Rocha, Sergio Casoy e Nelson Kunze. Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. 5693-4000. Até 7/12. Patrocínio: Oracle, Grupo Ultra e Embraer.

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