Manoel Carlos faz novela realista

O realismo que Manoel Carlos tenta dar ao seu novo folhetim é de impressionar. As pessoas bebem cafezinho num balcão e pagam a conta. O dia ganha cronologia de vida real

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Por Agencia Estado
Atualização:

O realismo que Manoel Carlos tenta dar ao seu novo folhetim é de impressionar. As pessoas bebem cafezinho num balcão e pagam a conta. Os homens vão tomar banho nus - e não apenas da cintura para cima, como mandam os planos de câmera pudicos dos diretores mais conservadores. O dia ganha cronologia de vida real. É justamente por isso que os tropeços de produção saltam aos olhos. Falha de continuidade das mais grosseiras ocorreu com Julia Almeida, a Vidinha, quando o carro do pai, Cláudio Marzo, encrenca no meio da estrada. Close nela, de cabelos sequíssimos, dentro do carro. Corta para a moça descendo do automóvel, já de cabelos encharcados, por exemplo. O grande trunfo da novela chama-se Suzana Vieira. O texto é ótimo, a personagem, idem, mas o mérito maior é da própria atriz. Com uma hora e meia de duração e 45 pontos de audiência em São Paulo, o primeiro capítulo cumpriu sua função técnica: apresentar os personagens, o cenário, o ritmo da história e atiçar a platéia para o day after. O encerramento do capítulo foi perfeito: o noivo (Rodrigo Santoro) é flagrado com a prima, aos beijos, (Camila Pitanga) pela noiva (Paloma Duarte). E uma leve insinuação do autor, somada a uma das belas fotos que ilustram a abertura da novela, indicam que Manoel Carlos não fará exclusões ao tema do folhetim. Mulheres apaixonadas assim o são nas mais diversas circunstâncias: por homens, filhos e, por que não, por outras mulheres.

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