MAM faz retrospectiva de Francisco Rebolo

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Por Agencia Estado
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A mostra retrospectiva de Francisco Rebolo que o Museu de Arte Moderna de São Paulo inaugura amanhã é mais um dos eventos em homenagem ao artista em seu centenário. Ele morreu em 1980 e faria cem anos amanhã. Para as comemorações, uma comissão presidida pelo sociólogo Antônio Gonçalves planejou uma programação de atividades que começaram neste ano e se estendem até 2004. Essa exposição é considerada o principal evento da programação. São cerca de 160 quadros realizados desde a década de 30 todos escolhidos por Lisbeth Rebolo Gonçalves, curadora e filha do artista. Ela idealizou uma montagem cronológica das obras, maneira de marcar cada uma das fases artísticas de seu pai. Segundo Lisbeth, os quadros feitos entre 1930 até o fim da década de 40 são identificados por paisagens dos arredores de São Paulo além de cidades vizinhas. Como escreveu certa vez o crítico Sérgio Milliet, "Rebolo não é um intelectual, despreza as teorias complicadas e só acredita na experiência humana do pintor". Esse primeiro período foi o mais fértil do Grupo Santa Helena, que Rebolo integrou com artistas - "operários qualificados", na definição de Mário de Andrade - como Aldo Bonadei, Mário Zanini, Manoel Joaquim Martins, Humberto Rosa, Fúlvio Pennacchi, Clóvis Graciano, Alfredo Rullo Rizzotti, Alice Brill e Alfredo Volpi. O grupo se reunia no prédio Santa Helena, localizado na Praça da Sé e que hoje não existe mais - foi demolido em 1971. Mas esse período também reúne telas com naturezas-mortas, composições com modelos vivos, retratos e autos-retratos. Depois, da década de 40 até meados dos anos 60, a produção de Rebolo é marcada por paisagens cada vez mais formais. Em 1954, o artista ganhou o prêmio Viagem ao Exterior, ficando dois anos na Europa, onde morou na Itália, Alemanha, França, Espanha e Áustria. Dessa experiência, pode-se notar, nessa exposição retrospectiva, 11 obras de paisagens de Roma além das que o artista pintou de memória quando retornou ao Brasil. Já na década de 70, o artista experimenta novas técnicas, entre elas a xilogravura, adicionando cores em suas reproduções. Mas nessa mesma década Rebolo volta à pintura e produz até sua morte, em julho de 1980. Sua obra compreende aproximadamente 3 mil trabalhos - entre os quadros, desenhos e gravuras. Lisbeth Rebolo e Antônio Gonçalves pretendem montar um museu na casa no bairro do Morumbi, onde funcionava o ateliê do artista desde 1959. Sua obra também conta com paisagens desse bairro. Mas a biografia de Francisco Rebolo, descendente de espanhóis, também é marcada pela passagem do artista por clubes de futebol. Antes de ser pintor, jogou, entre 1922 e 1927, no São Bento, Ypiranga e Corinthians. Aliás, foi Rebolo quem criou o símbolo da equipe acrescentando, na década de 30, a âncora e o remo no distintivo que era composto por um círculo com a bandeira do Estado de São Paulo. Rebolo, além de artista, foi um dos fundadores do Sindicato dos Artistas e Amigos da Arte e participou do grupo que ajudou a criar o Museu de Arte Moderna de São Paulo, que agora abriga sua retrospectiva. Serviço - Rebolo - 100 Anos. De terça, quarta e sexta, das 12 às 18 horas; quinta, das 12 às 22 horas; sábado, domingo e feriado, das 10 às 18 horas. R$ 5,00 (grátis às terças e quintas, após as 17 horas). MAM: Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n.º, Parque do Ibirapuera, portão 3, São Paulo.tel.: 5549-9688. Até 6/10. Abertura, amanhã, às 19 horas.

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