MAM faz retrospectiva da arte de Vik Muniz

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Por Agencia Estado
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Vik Muniz é uma das grandes estrelas da arte contemporânea. Com apenas 39 anos, já realizou cinco exposições retrospectivas em Nova York e, nos últimos anos vem perambulando por galerias e museus de vários cantos do mundo, numa bem-sucedida, mas cansativa, peregrinação. Mas até agora, com a inauguração de sua retrospectiva no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio, os brasileiros não haviam tido a oportunidade de avaliar sua obra em conjunto. Com quase 200 obras, a mostra carioca, que chega a São Paulo em junho, perpassa todos os grandes momentos da carreira de Vik, permitindo que o público admire as várias facetas desse artista que conquistou crítica e público com uma pesquisa que alia a técnica da fotografia com a sensibilidade artesanal e o rigor do desenho. A exposição inclui até uma escultura, para sinalizar que foi ali que tudo começou, e se prolonga até os trabalhos mais recentes realizados para a exposição no Whitney Museum, a primeira de um brasileiro nesse templo da contemporaneidade, e que fica em cartaz até 20 de maio. Nessas obras, estão presentes duas questões bastante caras a Vik Muniz: os materiais insólitos e de forte caráter metafórico com os quais confecciona os desenhos e a releitura de momentos importantes da história da arte mundial por meio de uma postura pós-moderna, em que se prioriza o impacto visual, a força da imagem. Desta vez, os objetos escolhidos por Vik para serem desenhados e fotografados foram as esculturas minimalistas pertencentes ao Whitney, de autores como Richard Serra e Tony Smith. Para desenhar, o artista usou poeira, recolhida nos cantos do próprio museu. Revisitando a arte pop de Andy Warhol, o romantismo de um Géricault, ou simplesmente usando símbolos universais como uma rosa ou um violão - relacionando o visual e o lingüístico - ele procura despertar uma certa magia, um certo encanto no espectador. "Copio muitas coisas para fazer as pessoas olharem melhor o original", diz. Indiscutivelmente, o uso de chocolate, açúcar, lixo, linha e outros materiais inusitados para desenhar com uma maestria impressionante, aumentam, e muito, o poder de sedução e mistério de seu trabalho. Vik foi para os Estados Unidos há 17 anos. "Foi a possibilidade de me reinventar como artista", explica. Com honestidade, ele diz julgar-se um artista americano, pois foi nos EUA que sua carreira e seu pensamento artístico se desenvolveram. E confessa que só recentemente começou a descobrir o que ocorre no mundo brasileiro das artes. "Mas sou uma pessoa brasileira e isso influencia muito a maneira como enxergo o mundo; ainda mais porque a formação visual, sensorial é a coisa mais importante no meu trabalho", disse Vik, feliz e excitado com a possibilidade de mostrar seu trabalho no País. "Nos EUA e na Europa, sinto uma certa cumplicidade cultural. Aqui, as coisas ocorrem num nível mais profundo, básico e primitivo, que tem relação com a forma de uma pessoa aprender as coisas."

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