Greenwich é o bairro do momento em Nova York.Epicentro do movimento de contracultura na década de 1960, abriga hoje teatros off-Broadway e os hotéis mais legais da cidade. Foi no lobby de um deles, que o ator Mahershala Ali recebeu O Estado na tarde desta quinta-feira para falar sobre moda, estilo e masculinidade. Vencedor de dois Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelos filmes Moonlight, em 2017, e Green Book, em 2019, Ali é a voz e a face da nova campanha da marca italiana Ermenegildo Zegna, que traz um manifesto sobre 'O que significa ser um homem hoje?'.
“Lembro que provavelmente tinha nove ou dez anos, olhava diretamente para o espelho e dizia: quem sou eu? Quem sou eu?”, conta o ator. "Eventualmente, chegava a um espaço em que não tinha respostas. Há um mundo para descobrir, e eu tenho que definir isso por mim mesmo ”, concluiu ele, que começou a carreira como rapper e foi o primeiro mulçumano a vencer um Oscar.
Naturalmente elegante, com porte majestoso e o semblante doce, Ali encarna o cavalheiro de uma nova era, na qual sensibilidade e vulnerabilidade tornam-se sentimentos que integram a concepção da noda masculinidade. "Meu pai era um homem superestiloso, minha mãe também amava moda. Para um homem negro nos Estados Unidos ser respeitado não existe outro caminho senão se vestir com estilo". Em um filme fashion produzido pela marca, o ator segura uma flor, arrancando pétalas enquanto fala sobre o amor. Não deixa de ser uma quebra de paradigma - principalmente quando emitida por uma marca de moda como Ermenegildo Zegna.
Fundada há 110 anos na Itália, com lanifícios próprios e confecções responsável pela formação das últimas gerações de alfaiates, a marca vestiu por décadas os homens alfas do mercado financeiro, com ternos impecáveis e caxemires finos. Quando se fala da sofisticação da moda masculina italiana, reconhecida mundialmente, a Zegna é um statement. Por isso, é simbólico o fato dela adaptar agora suas criações investindo em looks mais casuais e produzindo mensagens como essa, que reexaminam o papel do homem moderno e desafiam sutilmente a masculinidade tóxica.
“Como sabemos, a noção estática e tradicional de identidade masculina não funciona mais. Acreditamos que masculinidade é um estado de espírito, não um conjunto de regras”, diz Ermenegildo Zegna, CEO da marca e integrante da quarta geração da família no negócio. “Os homens estão aceitando suas fraquezas e forças internas e estão dispostos a correr riscos para abraçar sua própria visão do que é masculinidade, mesmo que isso signifique ir contra as noções tradicionais.”