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Mágica do "Sítio do Picapau Amarelo" ainda funciona

Mais de 1,5 milhão de crianças, só em SP, estão ligadas na Globo para acompanhar as aventuras de Emília, Narizinho e companhia - o que prova que as histórias de Lobato continuam a provocar encantamento

Por Agencia Estado
Atualização:

O encanto se repete. Não graças à mágica do pó de pirlimpimpim, mas como mais um dos truques da televisão. Levado ao ar pela TV Tupi pela primeira vez em 1952, o Sítio do Picapau Amarelo chegou com tudo ao novo milênio, em sua quarta versão. Por meio da telinha da Globo, desde 12 de outubro passado mais de 1,5 milhão de crianças só na Grande São Paulo acompanham a nova-velha história: as emoções de Narizinho e de Emília, a boneca falante, ao explorarem reinos encantados de águas claras e estrelas no lago do sítio da simpática Dona Benta, que também se preocupa com o outro neto, Pedrinho, primo de Narizinho, destemido caçador de Sacis. O garoto também tem seu boneco falante, o Visconde de Sabugosa. Tudo isso regado aos bolinhos da Tia Anastácia, quitutes fumegantes em que o cheiro consegue transpor as telas, bem na hora do almoço. Tal hipnose se desenrola de segunda a sexta, por volta das 11h30, em breves "pílulas" com meia-hora de duração. A nova versão do Sítio da Globo também conseguiu outra bela mágica para a emissora: elevar a até então capenga audiência de Bambuluá da Angélica. Antes ameçado por Eliana e cia., além das outras loiras dos canais rivais, o programa pulou de 10 pontos de média no Ibope para 15. Parodiando o segundo livro da série escrita por Monteiro Lobato, na hora do Sítio os números fazem uma verdadeira Viagem ao Céu e alcançam os 21 pontos. "Recebemos média de 100 e-mails por dia sobre o programa. Nossa Central de Atendimento também vê crescer a cada dia o número de telefonemas relacionados ao Sítio", comemora Roberto Talma, diretor de núcleo da Globo. "Todas as mensagens são emocionantes. Mas a mais curiosa foi a de uma turma de crianças que estuda em horário integral e que contou para a gente que eles tinham pedido ao colégio para mudar o horário do almoço, para que eles pudessem assistir ao Sítio. As crianças de hoje já sabem se organizar para conseguir o que querem", brinca o diretor. Emília - Com a frase na ponta da língua, as irmãs Carol e Camilla Macedo, 5 e 7 anos, e a amiga Janete Kong, 7, anunciam: "A Emília é a mais legal do Sítio!" A ´mais legal´, no caso, vem sendo vivida pela pequena Isabelle Drummond, 7 anos, a quem coube a responsabilidade de interpretar a boneca falante na nova versão. Apressada, Isabelle nem consegue falar como se sente na condição de ´famosa´: "Tem um monte de pessoal e... me pára na rua e... pergunta se sou de verdade e... me dá um beliscão na bochecha. E... tchau, que eu tenho que gravar." A dicção é de uma menina de 7 anos, mas Isabelle tem uma rotina de uma moça 20 anos mais velha. Ela acorda às 7h, entra no colégio às 7h40, sai às 11h40 e vai direto para os estúdios. A seguir, enfrenta 40 minutos de pesada maquiagem ("É difícil porque não posso me mexer. E eu sou sapeca", diz a nova Emília) e pelo menos cinco horas de gravação. Vai dormir por volta das 22h. "Mas é legal pra caramba!", conta a menina, que alimenta no momento pelo menos cinco sonhos: o de ser atriz, modelo, cantora, bailarina e veterinária. Por causa da pouca idade e nenhuma experiência, muitos acreditavam que Isabelle não daria conta do papel, desempenhado nas versões anteriores para a TV por quatro atrizes adultas: Lúcia Lambertini, Dirce Migliaccio, Reny Oliveira e Suzana Abranches. A idéia de escalar Isabelle foi de Roberto Talma, diretor que toca o projeto do Sítio do Picapau Amarelo desde o fim do ano passado. Apesar do núcleo ter sido transferido para Marlene Mattos neste semestre, Talma vai continuar com a atração no ano que vem e talvez nos próximos anos. (A Globo não sabe qual será a longevidade do novo Sítio. Em 1986, sabe-se que a atração terminou por conta de um incêndio no estúdio.) "A Isabelle me lembra a Glória Pires no início da carreira. É muito talentosa", diz Talma. "Queria promover uma interação maior entre ela, Narizinho e Pedrinho. Achei que ter uma criança ajudaria neste processo.Ainda não trabalhamos com a hipótese de estipular uma idade limite para os participantes. Eles ainda são muito novinhos e vai depender do desenvolvimento de cada um", explica Talma. Com a Emília criança e truques tecnológicos, o projeto de Talma segue com sucesso. "Essa nova versão está toda ótima. Fico feliz que minhas filhas assistam a um programa tão bom", comemora Maurícia Albuquerque Macedo, 37, mãe de Carol e Camila. "O Sítio é um programa excelente! Muito educativo que estimula a fantasia, a criatividade, além de propagar o conceito de família harmônica. Uma atração bem mais saudável do que aquelas loiras sensuais que fingem que são anjos e só se preocupam em vender suas sandalinhas, roupinhas e brinquedos", diz Tereza Bonumá, psicóloga. 250 produtos nas lojas - Educadivo sim, mas comercial também. Pegando carona no sucesso, a Globo Marcas fez um acordo com a ML Licenciamentos, empresa da família de Lobato. Já estão nas lojas, desde junho deste ano, cerca de 250 produtos diferentes, entre bonecos, jogos, material escolar e ainda outros ítens. Aproveitando o Natal, a Globo irá levar ao ar um especial de fim de ano do Sítio no dia 26 de dezembro, depois de O Clone. A história principal será sobre a festa de debutante da Cuca, que completa 15 mil anos, com a participação dos grupos que cantam a trilha sonora do programa. Na carona da festa, a Som Livre irá vender a trilha-sonora na época do especial, que tem como astros Ivete Sangallo, Cássia Eller, Gilberto Gil, entre outros. Ainda no item merchandising, a maior decepção fica - por incrível que pareça - por conta da boneca Emília, que não ganhou o empurrão tecnológico, ou seja, é muda. "Pedi de presente ao Papai Noel de Natal, mas aí minha amiga disse que ela não fala como na televisão...", choraminga Janete.

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