"Madama Butterfly" reafirma seu fascínio

A ópera volta em versão de Carla Camurati e narra a trágica história de uma gueixa e marca estréia da soprano Eliane Coelho

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Por Agencia Estado
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Uma das mais famosas criações do compositor italiano Giacomo Puccini, a ópera Madama Butterfly volta nesta segunda aos palcos do Municipal de São Paulo. Com regência do maestro Ira Levin e direção cênica de Carla Camurati, a produção - que estreou há alguns anos no Teatro Alfa e, em julho, fez temporada no Rio - marca a estréia da soprano carioca radicada em Viena Eliane Coelho, uma de nossas principais cantoras líricas, em óperas completas na cidade. Além disso, o preço dos ingressos é mais baixo do que o das outras produções deste ano do teatro: R$ 5 a R$ 60. A ópera, na verdade substitui La Gioconda, programada no início do ano, mas cancelada, em junho, por causa da "crise orçamentária" alegada pelo Municipal do Rio, com quem a produção seria dividida. "Foi a melhor solução para o problema", diz Levin. "Com a ópera, pudemos manter praticamente o mesmo elenco contratado para a Gioconda. Trata-se, também, de uma obra bastante popular. Além disso, diz Levin, "a música da Butterfly está entre as melhores compostas por Puccini. "Cada uma de suas óperas possui um colorido diferente, esta é a marca de um grande autor. Mas Butterfly possui uma elaboração, uma sutileza, que já mostram o compositor a caminho da maturidade mostrada em obras como Il Tritico ou Fanciulla del West". Nesta mesma linha, a diretora Carla Camurati acredita na importância da sutileza e dos detalhes na condução da narrativa. Ela propõe uma leitura que, de certa forma, mascara a tragédia, mesmo que com o intuito de reforçá-la. "O que ela sente, a esperança do retorno de Pinkerton, é totalmente avesso ao que de fato vai acontecer com ela, mas sua esperança e seu amor são os elementos que sustentam a ópera e tornam trágica sua história." Com cenários e figurinos que não extraem a trama de seu ambiente asiático ao mesmo tempo que não apostam em uma concepção realista, Carla afirma que procurou respeitar as imposições do libreto e da música ao levar ao palco sua concepção da história da gueixa Cio-Cio-San. "Em ópera não é dífícil passar do ponto em direção ao ridículo. De certa forma, a ópera é um gênero já fora desse ponto, mas o resultado só pode ser efetivo se a encenação não passar dos limites impostos pela música, que, no fim das contas, é quem dá a pulsação da cena, o colorido, a intensidade". Serviço - Madama Butterfly. Obra em 3 atos de Giacomo Puccini. Libreto de Luigi Illica e Guiseppe Giacosa, baseado em texto de David Belasco. Com Orquestra Sinfônica Municipal, Coral Lírico e os solistas Eliane Coelho, Bernadett Wiedemann, Andrej Lantsov e Ron Peo, entre outros. Direção e regência Ira Levin. Direção cênica Carla Camurati. Regência do coral Mário Zaccaro. De R$ 5,00 a R$ 60,00. Segunda, quarta, sexta e terça (27/8), às 20h30; domingo, às 17 horas. Teatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/n.º, tel. 222-8698. Até 27/8.

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