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Madagascar ganha versão musical

Elenco novato é a receita secreta de 'Madagascar Ao Vivo!'

Por Gabriel Perline
Atualização:

É comum aos adolescentes, quando atingem a maioridade, o desejo de sair debaixo das asas dos pais e desbravar o mundo que há além de toda a barreira protetora. Marty, uma zebra nascida e criada em cativeiro e que passou toda a vida exposta na vitrine do zoológico do Central Park, em Nova York, teve a mesma vontade. Influenciado por seus colegas pinguins, ele parte em busca de uma aventura selvagem e foge de sua “casa”. O leão Alex, a girafa Melman e a hipopótamo Gloria, seus amigos de infância, ficam preocupados com o desaparecimento e partem em sua busca.

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Assim começa a aventura de Madagascar Ao Vivo!, musical da DreamWorks, em cartaz até o dia 6 de outubro, no Ginásio do Ibirapuera. O espetáculo é uma adaptação da animação Madagascar, de 2005. A diferença fica por conta das músicas, já que no palco, ao contrário do desenho, os animais cantam e dançam não somente o hit I Like To Move It, Move It, do rapper Will.I.Am. “Os personagens e a história são muito divertidos. Adaptar uma obra não musical em um musical até que não foi difícil, precisamos apenas encontrar o ponto certo para que o roteiro não fosse distorcido”, disse a coreógrafa e diretora-assistente Jenn Rapp ao Estado.

Na saga, os animais encontram Marty na estação central de trem, mas são atingidos por dardos tranquilizantes, desmaiam e acabam capturados por um grupo de humanos que luta para tirar animais selvagens de cativeiros e devolvê-los a seu habitat natural. O problema é que os pinguins, os mesmos que estimularam a zebra a deixar o zoológico, sabotam o navio e rendem toda a tripulação com seus golpes faixa-preta de caratê. Ao conduzir a embarcação, eles se perdem em alto-mar e chegam à ilha de Madagascar, onde precisam descobrir como sobreviver à verdadeira vida selvagem.

"Embora sejam de cativeiro, há comportamentos instintivos nestes animais. O leão Alex, por exemplo, faz seus rugidos normalmente, é um verdadeiro carnívoro e um líder nato. Coube ao elenco, com a nossa orientação, reproduzir os movimentos para chegar o mais próximo do real”, comentou Jenn.

Quem vê o entrosamento do elenco e a boa presença de palco logo pensa que os atores tiveram um largo tempo de preparo e treinos. Mas eles se uniram pela primeira vez no dia 5 de setembro, quando começaram os ensaios gerais. Somente dois dias antes da estreia o grupo treinou com todos os aparatos de seus personagens.

“O início foi muito difícil, devido ao intenso ritmo de trabalho e também por uma gripe, que me tomou logo no primeiro dia e se alastrou por todo o elenco”, diz Gabriel Soares Manita, intérprete de Alex. O ator, natural de Curitiba, faz sua estreia em São Paulo e também a frente de um musical de grande porte. “Atuei em musicais e operetas na minha cidade, mas sei que existe um peso diferente em trabalhar aqui, ainda mais com uma produção estrangeira e deste porte. É como se o tigre estivesse saindo da jaula, porque quero mostrar o meu trabalho e ter outras boas oportunidades como esta”, conclui.

O elenco conta com o mexicano Álvaro Florez, na pele da girafa Melman, que acompanha a produção em toda a temporada na América Latina. “Como o personagem é hipocondríaco, foi fácil encontrar o tom da fala, pois o português, principalmente o sotaque paulistano, tem um tom nasalado. Comecei a estudar o idioma há seis semanas e pensei que seria bem mais fácil”, comenta.

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Florez mede 1,90 m, mas ganha quase o dobro de sua altura ao vestir a fantasia. “Minhas pernas ganham pouco mais de 1 metro por conta das plataformas que uso. Tenho que me equilibrar em duas hastes metálicas, presas a um suporte. Até hoje, caí somente uma vez, mas não foi nada sério. Com minha máscara, cresço mais uns 40 cm. Viro um gigante no palco”, diz.

"O desafio maior é sempre dos atores", diz Jenn Rapp, coreógrafa e diretora-assistente

Como foi adaptar um desenho não musical para um musical? Divertido, pois o material é bom. Apenas ajustamos ao tempo atual. O desafio foi encontrar o caminho que melhor representasse os personagens amados pelas crianças e ter certeza de que estariam do jeito que elas esperam.

No desenho, os animais andam sobre duas patas e aqui, no teatro, eles também dançam, usando fantasias pouco confortáveis. Como tornou isso possível?Para nossa sorte, o filme se encarregou de torná-los “bípedes”. O desafio maior é sempre dos atores, que precisam entender o comportamento animal e colocá-lo em cena.

Quanto tempo levou para criar a coreografia?Antes de estrear nos EUA, tivemos um ano para produzir. Pesquisei sobre Madagascar e suas danças típicas. Misturei elementos dos anos 80 com vocabulário hip hop para o rei Julien, me inspirei no rock para o Alex e nas divas para Gloria.

Qual a vantagem de trabalhar com atores brasileiros? São todos muito dedicados e criativos. Realmente amei essas características neles.

 

"As fossas são chatas e tentam nos decepar" - uma conversa com Gloria e rei Julien, a hipopótamo e o lêmure de "Madagascar"

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Gloria, tem sido difícil viver em Madagascar? O Marty decidiu sair do zoológico e vir para a vida selvagem. Como somos amigos de infância, viemos para cá também. Está muito divertido.

E você, rei Julien, tinha planos contra o grupo e agora não quer que eles voltem a Nova York... Quando vi esses esquisitões, tive uma ideia, pois sou muito inteligente: com eles aqui, as fossas não se aproximam. Gloria: Nunca tinha visto uma fossa na minha vida. Julien: As fossas irritam a gente, são umas chatas e tentam nos decepar.

As fossas tentaram mordê-la?Gloria: Não, porque eu fico muito brava quando mexem comigo e com meus amigos.

Imagino que cuidar da beleza em Madagascar seja difícil.Gloria: Aqui faz muito calor, mas não posso me descuidar, porque sou muito vaidosa.

Julien deve lhe dar boas dicas, não é?Julien: Não dou dica nenhuma, porque sou muito lindo e nasci assim... lindo.

MADAGASCAR – AO VIVO! Ginásio do Ibirapuera. R. Manoel da Nóbrega, 1.361, 3887-3500. Hoje (27/9), 15h; 5ª e 6ª, 15h e 20h; sáb./dom., 11h, 15h e 19h. R$ 40 a R$ 200. Até 6/10

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