Macrossérie recupera ufanismo dos anos 40

Aquarela do Brasil, com Maria Fernanda Cândido, Edson Celulari e Thiago Lacerda, vai ao ar a partir do dia 22 reconstituindo efervescência da época apoiada em consultoria de "personagens reais"

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Por Agencia Estado
Atualização:

Para o escritor Lauro César Muniz, os anos 40 no Brasil foram os "anos ufanistas", uma época que assistiu maravilhada à ascensão do rádio e se horrorizou com o maior massacre da história, a 2.ª Guerra. Disposto a contar essa história, Muniz buscou ajuda de quem vivenciou esse momento. Os depoimentos de um capitão reformado da FEB, de uma refugiada romena, de uma cantora do rádio e um pianista do Cassino da Urca já estão indo ao ar na TV Globo. Filmadas em 16mm, as vinhetas anunciam a nova série da emissora: Aquarela do Brasil, que estréia no dia 22, às 22 horas, com direção de Jayme Monjardim. O nome não poderia ser outro. "Nada melhor como ícone do momento do que essa música de Ari Barroso; ela transmite todo o ufanismo e a efervescência cultural da época", conta Muniz. A macrossérie, que terá 68 capítulos e deve ser exibida até dezembro, dá continuidade à paixão comum dos dois: a história da música brasileira. "Depois de Chiquinha Gonzaga, queríamos dar continuidade ao que aconteceu a partir de então", conta Muniz. Esse contexto fervilhante dos anos 40 será pano de fundo para o triângulo amoroso vivido por Isa Galvão (Maria Fernanda Cândido), o capitão do Exército Hélio (Edson Celulari) e Mário (Thiago Lacerda), pianista da Rádio Carioca. Isa, que sonha em ser cantora do rádio no Rio, divide-se entre o tradicionalismo representado por Hélio e a liberdade ao lado de Mário. Para Muniz, esse conflito representa a própria contradição vivida pelo Brasil na época. "A união de Getúlio Vargas aos aliados, em especial aos liberais Estados Unidos e Inglaterra, mostrou a saída para o impasse em que ele se encontrou", diz. "Apesar de seu governo ser evidentemente fascista, essa decisão fez com que o País se modificasse a ponto de ele mesmo não suportar essa liberação e perder o poder anos mais tarde." Para o autor, essa também é uma tentativa de esclarecer outros fatos que ainda permanecem desconhecidos para a maioria dos brasileiros. "Muitos nem sabem o que foi o holocausto." Mas sua maior preocupação vai ser mostrar o papel do Brasil nesse contexto. "Tanto nossa heróica participação na guerra, quanto nosso envolvimento com a questão judaica ainda estão obscuros e precisam ser melhor explicados", completa. Para relatar com fidelidade essa história, Monjardim e Muniz contam com Daniela Escobar, que será Bella, uma judia que se refugia no Brasil, cenas de combate que serão gravadas na Itália e muitas imagens de arquivo. Outra ajuda preciosa é a de Aleksander Henyk Laks, que passou por vários campos de concentração; Oswaldo Hanna, capitão reformado da FEB que passou um ano e meio lutando na Itália; e vários outros "personagens reais" que estão "prestando consultoria" aos realizadores. "Nossa preocupação com a veracidade é muito importante pois essa é uma época muito delicada", conta Monjardim. Esse cuidado está refletido no fim de cada capítulo. "Haverá sempre um minuto dedicado ao que estava acontecendo no mundo, com imagens de arquivo indicando os fatos", conta o diretor.

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