MAC vai receber mostra inédita de arte britânica

Museu foi escolhido para receber no ano que vem exposição itinerante com obras dos acervos das prestigiadas Tate Modern e Tate Britain

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Por Agencia Estado
Atualização:

Dispostas a criar uma mostra inédita para percorrer o Brasil em 2003, a Tate Modern e a Tate Britain, depositárias de duas das mais respeitáveis coleções de arte britânica do último século, analisaram as condições de museus e galerias nacionais em São Paulo, Rio e Salvador para receber a exposição. O resultado apontou o Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC-USP) como início da itinerância. "A escolha comprovou o nível de excelência que o MAC atingiu", orgulha-se José Teixeira Coelho Netto, que encerrou, no dia 18, um mandato de quatro anos como diretor do museu. Seu sucessor sairá de uma lista tríplice, liderada pelo atual vice, Martin Grossmann, que será decidida pelo reitor da USP, Adolpho José Melfi. A exposição, que vai reunir obras de Hockney, Blake, Moore e Bacon, entre outros, deverá chegar a São Paulo entre abril e maio de 2003. Depois de passar pelo MAC, seguirá para o Instituto Tomie Ohtake, também em São Paulo, e rumar para o Paço Imperial, no Rio. O acordo com a Tate, formalizado por meio de Martin Sorrel, presidente da WPP (grupo de 17 empresas de comunicação) e membro do conselho de apoiadores da instituição inglesa, é o primeiro grande passo na concretização de uma das três metas centrais do museu da USP, estabelecidas por Coelho Netto. "O MAC está na linha de frente da América Latina e o objetivo é inseri-lo no circuito internacional de museus", comentou. "As grandes mostras estrangeiras são uma oportunidade imprescindível para o diálogo e a oxigenação entre as artes, os artistas e o público; e o MAC ainda não está presente neste circuito." A mostra promovida pela Tate vai trazer a visibilidade esperada pelo museu, mas a concretização de sua ocupação no espaço internacional deverá vir com a construção do novo espaço físico. Em 2001, o arquiteto franco-suíço Bernard Tschumi foi escolhido para projetar o novo prédio do MAC, a ser construído em uma área de 10 mil metros quadrados na Água Branca, zona oeste de São Paulo. A decisão foi contestada pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil, que reclamava a presença de um profissional brasileiro no projeto, mas persistiu a escolha. O prédio desenhado por Tschumi evidencia uma estrutura complexa, formada por um jogo de rampas e grandes espaços, que podem ser bem explorados em exposições de arte contemporânea. "A nova sede vai direcionar a cultura para uma região da cidade ainda mal servida, criando um novo pólo", comenta Teixeira. O prédio, que deverá ser vertical, deverá ficar pronto em até dois anos e seis meses. "O MAC já dispõe de um corpo técnico de profissionais de conservação e de restauro que garante uma posição de destaque no cenário brasileiro e latino-americano; faltam, portanto, condições arquiteturais." Com cerca de 9 mil obras, um dos maiores acervos de arte contemporânea, especialmente brasileira (em 1963, incorporou a coleção pessoal de Cicillo Mattarazzo e o acervo do Museu de Arte Moderna), o museu sofre com a falta de espaço - a sede no campus universitário, apesar de recentemente aparelhada com sistema de climatização, iluminação e proteção contra incêncio graças a um programa especial da Fapesp, não dispõe de uma área suficiente para abrigar a coleção. Assim, a parcela do terceiro andar do Pavilhão da Bienal pertencente ao MAC torna-se necessária, especialmente para o arquivo de obras de maiores dimensões. "A convivência entre os nossos funcionários e os da Bienal infelizmente nem sempre é muito entrosada, o que dificulta a rapidez de alguns trabalhos", lamenta Teixeira. "O problema deverá ser solucionado com a nova sede." Espremido em espaços reduzidos, que impediam a visibilidade de seu poderoso acervo, o MAC foi obrigado a buscar parcerias que permitissem a exibição de suas obras. Assim, em 2000, o museu acertou um acordo com o Centro Cultural Fiesp, que cedeu seu espaço, a Galeria Sesi, para exposições. Foi um importante passo na busca de visibilidade, outra meta central estipulada por Teixeira Coelho durante seu mandato. Foi uma alternância de exposições no espaço da Avenida Paulista: Di Cavalcanti - A Invenção do Brasil Modernista, a obra revolucionária de Joseph Beuys, O Papel da Arte, Caminhos da Forma, Estratégias para Deslumbrar, entre outras, atraíram um público que desconhecia até a existência do MAC. "Ficou comprovado que, quando se oferece o melhor e em condições dignas e em local de fácil acesso, o público comparece", observa Teixeira, lembrando ainda do apoio de agências de publicidade, com a Talent e a Thompson, criando campanhas, foi decisivo para a afirmação do museu no cenário artístico nacional. "Já temos programadas até junho as visitas monitoradas na sede, o que antes não acontecia", comenta. "Com isso, o museu cumpre com sua função de levar o conhecimento e permitir o desfrute da arte."

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