Lulo vive no palco o Lulo da vida real

Em Modernidade, musical dirigido por Rodrigo Pitta, o ex-participante de Casa dos Artistas vive um personagem que faz de tudo para virar famoso

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Por Agencia Estado
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Quando tinha 12 anos, Lulo colocou na cabeça que queria fazer uma tatuagem. Pediu dinheiro à mãe, mas ela a princípio se negou a financiar o desejo do filho. "Mas eu era daquele jeito, insisti, insisti até conseguir o que queria", diz ele, que estréia hoje na pele do protagonista do musical Modernidade. "Hoje já não faço mais isso. Desde que decidi ser artista determinei que tinha de caminhar com as minhas pernas." O que não significa que "ajudas" esporádicas de papai e mamãe sejam mal recebidas. Como seu personagem no musical, Lulo - nascido Edison Scroback Júnior - persegue a fama e batalha por ela com a mesma teimosia que usava para pedir à mãe dinheiro para fazer a tal tatuagem. Há dois anos pôs na cabeça a idéia de montar Modernidade. O projeto foi sendo adiado porque ele precisava para isso de R$ 500 mil. Quando conseguiu uma vaga na Casa dos Artistas 2, do SBT, em fevereiro deste ano, deu o primeiro passo rumo ao sonho. Planejadamente, garante, criou tanta confusão ali que foi o primeiro a ser expulso da casa, logo na segunda semana. "Só queria ganhar a quantia fixada para todos os que participaram do programa." Com os R$ 100 mil no bolso, deu o primeiro passo. Os R$ 400 mil restantes saíram do caixa da empresa do pai, Edison Scroback, fabricante dos esmaltes Impala - que surpreendentemente não aparece como patrocinadora, é apenas citada por "apoiar" o espetáculo. Filho de uma família de classe alta paulistana, Lulo diz que sempre foi "diferente" de seus três irmãos. "Sou o mais espontâneo". Enquanto os outros investiam em carreiras para ajudar a tocar a empresa paterna, Lulo vendia o carro para viajar aos Estados Unidos. Ali cantou em bares de jazz e blues, e se encantou com o glamour de Holywood. De volta ao Brasil, Lulo teve a certeza de que seu destino era a carreira de performer, que ele define, segundo a cartilha aprendida nos EUA, como "o profissional que canta, dança e interpreta". Em 1997, gravou seu primeiro CD demo, com duas composições próprias e a interpretação de Cavalgada, de Roberto Carlos. Com o disco, partiu para a tentativa de buscar apoio de alguma gravadora. Sem sucesso. Há dois anos uma namorada falou sobre ele para o diretor Rodrigo Pitta. Lulo foi então participar de uma seleção com outros 160 candidatos, da qual saiu com o papel de Deco, um dos personagens do musical Cazas de Cazuza, montado em 2000. Com um pouco mais de sucesso, conseguiu que João Araújo - pai do compositor em que o espetáculo era baseado e executivo da Som Livre - concordasse em gravar seu primeiro disco, Modernidade. "Eu e o Rodrigo (Pitta) nos isolamos numa fazenda na Serra do Japi, em Jundiaí, para compor o álbum", conta. "E, com o passar do tempo, fomos percebendo a dimensão do trabalho." Segundo ele, a possibilidade de o CD virar "algo mais", um média-metragem, videoclipe, gibi ou musical, começou a ganhar corpo. Mas nada de aparecer o dinheiro para concretizar a produção. Lulo foi então convidado para substituir o ator Luis Fernando Guimarães, que já participava do elenco do seriado Os Normais, na novela As Filhas da Mãe. A oportunidade para alçá-lo ao sucesso era boa, mas a sorte foi madrasta. Segundo ele, Jorge Fernando queria colocá-lo para cantar na trama, mas a baixa audiência da novela fez com que ela fosse encurtada - antes de ele ter a chance de exibir seus dotes musicais. A saída foi então aceitar o convite de Sílvio Santos para integrar a segunda edição de Casa dos Artistas. "Além de divulgar o espetáculo, era uma forma de tentar atrair patrocinadores". Apesar de ter durado pouco ali, não se queixa da vitrine que conseguiu com o programa. Agora, no palco do Via Funchal, ele vai testar com o público se realmente conseguiu tornar-se uma celebridade.

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