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Lucas Mendes: Oh Bama e outros Ohs!!!

Colunista comenta o resultado das recentes eleições para governadores e prefeito de Nova York.

Por Lucas Mendes
Atualização:

Obama era bolha e furou nas duas eleições mais importantes para governador, em Nova Jérsei na Virgínia. Esta é a interpretação da direita nas rádios e editoriais. Nenhuma das duas eleições foram sobre Obama e sim sobre questões regionais. O presidente mantém o prestígio confirmado pelos índices de aprovação. Esta é a versão obamista. A verdade está no meio. Obama perdeu brilho, mas não furou. Sera que é uma bolha? Se a economia melhorar, gerar empregos e Obama conseguir passar a reforma no seguro de saúde, os democratas podem se dar bem nas eleições de 2010, apesar de o partido no poder quase sempre perder cadeiras no Congresso nas eleições intermediárias. Se a economia caranguejar sem gerar empregos e a reforma do sistema do seguro de saúde fracassar, bye bye, democratas em Washington ano que vem. Obama fura e pode ficar sem emprego em 2013. Na Virgínia, o republicano estava disparado na frente, incontível. Em Nova Jérsei, o presidente arriscou o prestígio dele e fez campanha para o governador Corzine que corria atrás e tinha poucas chances. Coragem ou idiotice política? Há argumentos para as duas respostas, mas democratas em Estados conservadores estão com medo da campanha republicana que vão enfrentar ano que vem. Os quatro da Virgínia tremem. Tão surpreendente, porém de menores consequências do que as derrotas democratas nos dois Estados, foi a pequena margem da vitória do prefeito de Nova York, Oh! Bloomberg!, que foi recordista de gastos com uma campanha para prefeito. Gastou quase US$ 100 milhões do próprio bolso, enquanto o democrata gastou menos de 10. No dia da eleição, as pesquisas davam o prefeito com 18 pontos de vantagem sobre Bill Thompson. Ganhou por míseros 5 pontos. O eleitorado novaiorquino está feliz com as escolas, a coleta do lixo, a segurança da cidade e aprecia o trabalho do prefeito, mas foi contra a manobra dele de usar a Câmara Municipal para quebrar a lei que ele próprio tinha defendido - pelo limite de dois mandatos - e permitir este terceiro. Setenta e cinco por cento dos eleitores não foram votar numa cidade politicamente ligada, mas há um outro fator intrigante, um chinês. John Liu, com 76% dos votos, foi primeiro oriental eleito para um cargo executivo em Nova York, comptroller, uma espécie de contador e fiscal das finanças da cidade. Ele é democrata e levou uma multidão oriental às urnas que votaram não só nele como em toda a chapa democrata, entre eles, o candidato a prefeito, Bill Thompson. A mais fascinante, talvez a mais relevante e com a certeza a mais Oh! foi na 23ª zona eleitoral do Estado de Nova York, uma eleição especial para preencher uma vaga de deputado estadual. A liderança republicana da região, na fronteira com o Canadá, escolheu a candidata Dede Scozzafava, uma moderada pró-aborto, pró- casamento gay, que aprovou o estímulo econômico do presidente como falou bem de Obama. Numa zona eleitoral onde um democrata não ganhava desde a Guerra Civil, a escolha de Dede enfureceu e mobilizou a ala radical republicana. Os figurões do partido, de Sarah Palin a Rush Limbaugh, despejaram verba e verbo a favor de outro candidato, Douglas Hoffman, um republicano "puro", pró-armas, anti-aborto, anti- estímulo, anti-gay e anti-Obama. Scozzafa, sem apoio e sem dinheiro para campanha, anunciou no domingo que estava fora do páreo e chocou ambos os partidos. Recomendou que os eleitores dela votassem no democrata Bill Owen. A vitória dele quebrou uma escrita de quase 150 anos e mostrou um partido republicano rachado entre moderados e radicais. Um resumo brevíssimo: 1 - os republicanos ganharam eleições importantes, porque quando a economia vai mal o partido no poder sempre paga a conta. 2 - há mais eleitores independentes do que democratas e republicanos e eles votam no centro. Obama para eles esta muito à esquerda. Política costuma ser uma chatice, mas quando radicaliza, fica interessante. Ontem, pela primeira vez , votei num candidato socialista, Salim Ejaz, para comptroller. Parece furioso, tem os olhos arregalados, mas, como eu, não consegue ler o telepromter. Teve 1% dos votos. Oh! Salim. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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