14 de maio de 2012 | 03h07
Televisão pública precisa ter algo a dizer, não pode ser apenas um preenchedor de lacunas. Dizer algo é o que legitima a TV Cultura. O dizer da Cultura, previsto em sua missão, implica a formação crítica do cidadão. Focaliza o indivíduo no que há de mais libertário: o juízo crítico. Utilizar seu dever de autoria junto às crianças, incutindo-lhes um espírito de criatividade e liberdade, não os infantilizando com um caráter consumista. Dialogar com a rebeldia dos jovens e seu ímpeto transgressor. Falar com os adultos numa abordagem plural e crítica, a partir do jornalismo e da dramaturgia; do jornalismo público que já soubemos editar no passado e, sobretudo, da dramaturgia viável que é o cinema.
O equilíbrio fiscal deve ser decorrência, posto que meio, e não anteceder escolhas outras, que representem os fins. Estou absolutamente convencido que a gestão das ideias e dos conteúdos deve prevalecer sempre sobre a gestão contábil e financeira. Há uma tentação moderna, que perdura há mais de 20 anos, de eleger a engenharia liberal das empresas, como modelo de todas as instituições, inclusive das instituições culturais públicas e privadas. Felizmente, essa hegemonia está com os dias contados, aqui e em todo mundo. A França que nos diga.
Aprovamos, há dois anos, quando eu era presidente do conselho, após inúmeras discussões, um contrato de gestão, que foi devidamente encaminhado à Secretaria da Cultura e, devidamente engavetado. Revitalizar a TV Cultura não vai por aí. Ciclicamente nos acenam com o tabu administrativo das Organizações Sociais, adequadas para instituições sem estrutura de recursos humanos e sem condições jurídicas de receber dinheiro da sociedade, por meio do orçamento público.
A Fundação Padre Anchieta tem formato jurídico e institucional, modelar, para superar todos os seus problemas e voltar a ser um orgulho de São Paulo. Basta que seja respeitada a sua autonomia intelectual, administrativa e financeira. Por isso mesmo, sou candidato à presidência do conselho.
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