London Fashion Week, por Deborah Bresser

A intensidade das cores e a mistura de estampas são os pontos mais fortes da temporada. Em tecidos leves, a estamparia floral vai ganhar as ruas, como os mantôs e ponchos ocupam as vitrines

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Por Agencia Estado
Atualização:

Londres respira moda esta semana. A London Fashion Week ocupa de outdoors a táxis, mas o mundo fashion daqui e menos afetado que o daí, uma vez que o povo da moda é todo mundo. Ninguém tem medo de usar a roupa, o acessório, o cabelo, o sapato, como elemento de construção de uma imagem. Exemplo: o mercado de Spitafields, pertinho do metrô Liverpool Street. Imaginem uma mistura de mercadão com mundo mix e vocês terão uma vaga idéia do que se trata. Entre verduras, azeitonas, frutas e guloseimas, estão alguns jovens estilistas com um frescor raro de se ver. Para quem vem do Brasil, é fácil identificar algumas inspirações dos estilistas daí. Há shapes de Karla Girotto, estampas de Adriana Barra, texturas de Lino Villaventura, e até a estampa de árvore da felicidade que a Hui Clos fez, também achei em Spitafields. Poncho: se você não guardou o poncho que sua mãe usou na infância, compre um. Aqui, é só isso que se usa. Tem de tricô, mas os de crochê com ponto largo são tudo. Hotel: E o que é o Sanderson Hotel??? Luxo é pouco. Tudo bem que a diária, para a moeda brasileira, fica em R$ 1.500, mas vale cada centavo. Philliph Stark decorou e a mão do designer esta em tudo, nas luminárias suspensas na cortina, na mesa de bilhar roxa do lounge, na poltrona-boca logo na entrada, na ausência de paredes no spa, com milhares de quilômetros de cortinas descendo do pé direito altíssimo, um escândalo. Tudo é design, da cama a banheira, do chuveiro ao peso de fazer ginástica. Brinde: E foi no bar do Sanderson o primeiro tin-tin da LFW. Na noite de domingo, rolou um vinho para os convidados do evento. Press who? Muito bom ver por aqui os jornalistas internacionais trabalhando! Aqui,afinal, eles são locais e são, sim, importantes de verdade. Dos que estiveram no Brasil há algum tempo fazendo muito alvoroço, como Isabela Blow, por exemplo, aqui causam.... o mesmo alvoroço!!!! Tudo bem que ninguém fica paparicando, mas ela é um pavão fashion em qualquer lugar do mundo. Impossível ficar impassível diante dos chapéus de Phillip Tracy que ela usa. E a fofa chega e sai de Jaguar, tá. Fazer moda, por aqui, da status de verdade. Primeira fila who? Não é a toa que alguns desfiles sejam tão disputados. Os espaços, principalmente os realizados fora das tendas, são pequenos, três fileiras de cadeiras e o resto que fique no standing. E desfile e para bayers e imprensa. Celebrities, quando existem e tem lugar de destaque, são de verdade. LIBRASSSSSSSSS! O dinheiro brasileiro que veio buscar produtos para levar as lojas daí não vale nada, mas as vezes o investimento compensa. Os byers que estão aqui procuram o diferente, o inusitado. Não querem levar o que todo mundo já conhece. Os óculos de Linda Farrow, por exemplo, prometem fazer sucesso por ai. Vejo flores em você: E se o assunto e primavera-verão na LFW, não da para não falar de flores, de estamparia e de brilhos. A intensidade das cores e a mistura de estampas são os pontos mais fortes da temporada. Em tecidos leves, a estamparia floral, botânica até, vai ganhar as ruas, do mesmo jeito que os mantôs e ponchos ocupam as vitrines (que aqui estão prontas para o inverno que se aproxima). Os bordados delicados e os brilhos se encarregam de deixar qualquer t-shirt chique. No desfile da Temperly a roupa é de festa e não ha como resistir aos bordados teia de aranha que se esparramam pelos vestidos, fluidos, longos, esvoaçantes. Ja Clements Ribeiro promove uma viagem a India, mas passa longe do caricato. Os sáris inspiram o caimento das túnicas, a flora se transforma em estampa, as transparências com bordados garantem a sensualidade. Os jacquards delicados, os lenços-blusas e a típica estampa cahsmere são puro luxo. Na Night: O que você fez na terça-feira à noite? Que tal uma festa pelos 2 anos da loja de Donna Karan em Londres? A balada foi tudo de bom,com jornalistas do primeírissimo time mundial e a própia Donna Karan, em si, circulando pelo local.A loja foi transformada em boate, com três open bar funcionando em cada um dos andares, projeção de fogo na parede (simulando uma mega lareira), show ao vivo com o jovem pianista Jamie Collom e muita,muita, muita gente linda. Fashion, crianças, é isso aqui! A London Fashion Week terminou quinta-feira, depois de 45 desfiles ao longo de cinco dias. Por aqui, os estandes onde as marcas fazem seus showroonms são tão ou mais importantes do que as apresentações na passarela. Para alguns especialistas, Londres esta tentado reconquistar seu espaço no circuito da moda, porem faltam nomes para sustentar a fama da semana londrina. Paul Smith ainda é um bom chamariz, mas o investimento pesado por aqui é nos jovens estilistas. Collin Mc Dowel, do Evening Standard, esta inclusive a frente de um concurso para descobrir novos talentos por aqui, e acredita que em cinco anos poderá haver uma renovação consistente. Por enquanto, as marcas se sustentam com excelentes roupas e pouca produção. Tirando um ou outro evento, como a Buddica ou o do próprio Paul Smith, realizados em espaços alternativos, fora das tendas do LFW, não ha investimento no cenário, ou megaproduções. O foco é a roupa, que as vezes sustenta o show, às vezes não. E quando ha atrasos, a gente aqui vê cenas incríveis, como Suzy Menkes, a toda poderosa editora do Herald Tribune, em pe esperando o desfile começar, do lado de fora, como todo mundo. tudo bem que ela estava com um declarado mau humor (o que é um perigo.... deixar uma editora dessas mal humorada antes de ver o show - e fazer a critica - é um risco e tanto). Pois foi o que aconteceu no desfile da Buddica.

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