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Loja parisiense esconde segredos das cores pastéis de Degas

Por JAMES MACKENZIE
Atualização:

Escondida ao lado de uma lavanderia num pátio parisiense escuro, a firma que abasteceu o mestre impressionista Edgar Degas com as cores pastéis brilhantes que ele usou em algumas de suas telas mais famosas continua a funcionar. "La Maison du Pastel", uma loja simples e sem adornos no bairro do Marais, aparentemente não modificada desde a década de 1920, abre apenas nas tardes de quinta-feira, e há pouco em sua fachada que traia sua longa tradição. Até recentemente, ela foi uma operação quase clandestina cuidada por três irmãs idosas que levavam adiante o trabalho de seu avô, Henri Roche, que assumiu o negócio em 1878. A porta ainda ostenta uma placa metálica gasta com a inscrição "H. Roche." "Há sete anos, quando comecei a trabalhar aqui, nem sequer havia telefone na loja", disse a parente mais jovem das três irmãs, Isabelle Roche, que aprendeu com elas as técnicas e fórmulas secretas da família antes de assumir a direção da firma, em 2000. "Elas trabalhavam com um grupo muito pequeno de clientes que abasteciam havia 30 anos, e ninguém sabia realmente da existência da firma." Químico que frequentava círculos artísticos, Henri Roche começou a desenvolver novos métodos de produzir pastéis depois de trabalhar com um artesão cuja oficina datava do início do século 18. Os pastéis --bastões secos, semelhantes a giz de cera, que criam uma textura anuviada distintiva sobre o papel -- foram usados primeiramente no século 17, mas Roche produziu cores especialmente intensas que em pouco tempo começaram a fazer sucesso com alguns dos artistas mais importantes de sua época. Degas, um dos fundadores do movimento impressionista, era cliente fiel de Henri Roche, tendo usado seus pastéis em uma série famosa de quadros de bailarinas de balé. Outros artistas que usavam os pastéis de Roche incluíram Alfred Sisley, o simbolista Odilon Redon e Raoul Dufy, seguidor da colorida escola fauvista. O filho de Henri Roche --também chamado Henri-- ampliou e aprofundou o trabalho de seu pai, e hoje a Roche é uma das últimas empresas que ainda produzem pastéis fabricados à mão, que, considera-se, rendem cores muito mais profundas e fortes que seus equivalente industrializados, mais baratos.

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