
08 de agosto de 2013 | 02h15
A propósito, ou mais ou menos a propósito, li na revista The Nation que só a Associação de Banqueiros Americanos tem 91 lobistas em Washington defendendo os interesses dos bancos e lutando para revogar a regulamentação do setor aprovada no Congresso recentemente. Isto sem falar em outras associações de banqueiros e nos próprios gigantes financeiros, como o Goldman Sachs (51 lobistas) e o JP Morgan (60 lobistas). O cálculo é que existam seis lobistas do sistema financeiro para cada congressista americano. Os bancos querem derrotar a regulamentação e evitar as reformas para continuar as práticas, vizinhas do estelionato, que provocaram a grande crise de 2008 e continuam a lhes dar lucros obscenos enquanto o resto da economia derrapa. O lóbi é uma atividade legítima, ou ao menos uma deformação legitimada pelo uso. A questão é saber quando a presença de mil e tantos lobistas em torno de um Congresso deixa de ser uma pressão e se transforma num cerco. E como se pode falar em democracia representativa quando o poder do voto é substituído pelo poder de persuasão de seis lobistas, três em cada ouvido, prometendo presentinhos para a patroa?
O que tudo isso tem a ver com o cartel em São Paulo? Nada, a não ser que, talvez, sirva de consolo para quem sucumbiu ao encanto de muito dinheiro, levado pelo lóbi mais irresistível que existe, o da cobiça. Mesmo sendo daquele tipo de pessoa sobre o qual não se pode dizer que também é corrupto, sem ouvir um "quem diria...".
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