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Livros eletrônicos ainda não conquistaram leitores

Por Agencia Estado
Atualização:

Em agosto de 2000, executivos de grandes editoras e de empresas de comunicação norte-americanas convidaram os jornais para uma entrevista que cantou a vitória do livro eletrônico sobre o de papel. Em 2005, diziam, as obras digitais representariam 10% do mercado. Uma revolução como a do livro de bolso nos anos 60. O otimismo acabou. No último agosto, não convocaram coletiva nenhuma, mas o clima do mercado pode ser resumido por meio de uma declaração do presidente da Associação Norte-Americana de Editores: "Acho que, neste momento, todos apertaram o botão pausa para o assunto e-book." Na última Jornada de Literatura, em Passo Fundo (RS), uma mesa para discutir a formação do leitor do futuro reuniu os escritores Walter Galvani, Mário Pontes, Edgar Telles Ribeiro e o jornalista Lucas Figueiredo, autor do livro-reportagem "Morcegos Negros". Figueiredo disse o óbvio, mas necessário: quase ninguém sabia o que estava sendo discutido - porque nem ele nem a quase totalidade da platéia, de 4 mil pessoas aproximadamente, havia sequer visto uma engenhoca dessas. O fracasso comercial do e-book, até o momento, não significa que a produção letrada ficará de fora da revolução digital. Recentemente e com atraso, a Universidade de São Paulo (www.usp.br) passou a publicar teses defendidas na instituição em sua home page. Nos Estados Unidos, endereços que fornecem gratuitamente o texto integral de obras sobre as quais não precisam pagar direitos autorais também são bastante acessados - entre agosto de 2000 e junho deste ano, 3 milhões de downloads do gênero foram feitos do site http://etext.lib.virginia.edu. Serviços semelhantes são mantidos por endereços brasileiros, como a Biblioteca Nacional (www.bn.br) e Senado Federal (www.senado.gov.br). Mas esses downloads são feitos para computadores pessoais, não para aparelhos de e-books. Como podem virar papel e também serem consultados digitalmente, são ótimos para encontrar citações e para imprimir trechos, dependendo do formato utilizado. Mas nada confortáveis para uma leitura completa. Temerosos da pirataria na Internet, que assustou as gravadoras de discos recentemente, com o MP3, os editores têm preferido estimular a produção de livros que são baixados por linhas telefônicas. É uma estratégia que promete o fracasso comercial. Todos os formatos que deram certo nos últimos anos, do videocassete VHS (contra o Betamax) e do videogame (Atari versus Odyssey) ao PC (versus Macintosh), conviveram com um razoável grau de liberdade de cópia. Até agora, as opções de e-book ainda são um tanto caras e/ou desconfortáveis. O livro digital parece caminhar para ser um complemento do de papel. Mas esse é um processo que ocorre, ainda, em velocidade baixa. Enquanto isso, pior para quem usa línguas pouco difundidas: a Gemstad, fabricante do melhor aparelho do mercado, suspendeu a publicação de obras em português por sua editora virtual até que seja viável exportar a maquininha para o Brasil.

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