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Livro revela a arte da chef do Planalto

Por Agencia Estado
Atualização:

Primeira mulher a comandar a cozinha do Palácio da Alvorada em seus 40 anos de história, a chef Roberta Sudbrack fez uma verdadeira revolução no cardápio e nos cerimoniais oferecidos na residência oficial do presidente Fernando Henrique Cardoso. A função, antes executada por cozinheiros das Forças Armadas, há três anos ganhou o toque e a sensibilidade de uma autodidata. Na semana passada, ela esteve em São Paulo para dar a aula inaugural no novo Espaço Gourmet, do Empório Santa Maria, e acertar a data de lançamento de seu livro de estréia, Roberta Sudbrack: Uma Chef, Um Palácio (editora DBA), marcada para o dia 12. Nada diferente dos banquetes que costuma preparar, a aula foi um sucesso. Afinal, todos querem saber o que anda comendo nosso presidente. Segundo a chef de cozinha, FHC gosta muito de um dos pratos do cardápio do dia-a-dia intitulado por ela como o picadinho do presidente. Cubinhos de filé mignon cortados com a ponta da faca, servidos em molho demi-glace (à base de osso de boi e que leva 12 horas de preparo), acompanhados de farofa decenoura, banana à milanesa e arroz branco. "Ele também adora doces, como pudim de leite e compotas caseiras de frutas como goiaba, carambola e outras, todos preparados em nossa cozinha", conta Roberta. "Todos os pratos servidos no Palácio são feitos por mim e outros seis ajudantes, funcionários das Forças Armadas incluindo os pães." Formada em veterinária, Roberta não chegou a exercer a profissão. Depois de passar alguns anos morando sozinha nos Estados Unidos - foi estudar veterinária no Montgomery College, em Washington -, ela descobriu que seu grande prazer era cozinhar. O primeiro prato foi um frango ensopado, receita da avó Iracema. Cozinheira de mão cheia, dona Iracema não apenas despertou o interesse de Roberta pela culinária quando ainda era criança, ao preparar gostosos e perfumados rituais em volta da mesa, como também ensinou alguns preceitos da cozinha brasileira. Mas foi o esforço próprio e a paixão pela literatura renascentista, especialmente os livros de culinária, que ajudaram Roberta a mudar o rumo de sua vida e a conquistar o paladar do nosso presidente e outros chefes de Estado. Como não tinha dinheiro para cursar culinária, Roberta debruçava-se sobre uma vasta bibliogastronomia e solicitava os programas das escolas para executá-los em casa. "Durante um período cortei 10 quilos de legumes por dia, até conseguir agilidade com a faca. Os testes continuaram com o preparo de molhos e o tempo de cozimento das carnes", recorda. De volta ao País, Roberta começou a atuar em Brasília com o serviço de personal gourmet, preparando jantares para pequenos grupos. Não demorou para que sua cozinha de base clássica, porém inventiva, com sabores, aromas e texturas marcantes, fosse tida como uma das mais instigantes da região. Quando recebeu o convite para trabalhar no Palácio da Alvorada, a chef não hesitou em aceitar o desafio. Desde então, Roberta já preparou dezenas de banquetes para chefes de Estado, presidentes reis e rainhas de diversos países. "Sempre faço uma pesquisa antes de criar o cardápio, verificando, por exemplo, se existe restrição a algum ingrediente. Minha maior satisfação é fazer as pessoas esquecerem a política por alguns momentos, para sentir prazer com a comida", afirma a chef. Entre os momentos que marcaram sua história no Palácio, Roberta recorda-se de quando foi aplaudida de pé pelo presidente da Itália, Carlo Azeglio Ciampi. Ou quando teve de refazer 40 sobremesas porque Fidel Castro demorou demais para comer o prato principal e o sorvete derreteu. Outras histórias, além de mais de 70 receitas estarão no livro de Roberta, com texto assinado pela jornalista Luciana Fróes, apresentação do chef Emmanoel Bassoleil e outra da primeira-dama, Ruth Cardoso.

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