Livro reúne melhores reportagens sobre sexo

Um Sábado no Paraíso do Swing, antologia que será lançada hoje à noite, revela textos elegantes publicados na imprensa brasileira e assinados por 47 jornalistas

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Por Agencia Estado
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Nelson Rodrigues, em seus rasgos moralistas, gostava de dizer que o sexo é o que restou da pré-história, do vil passado do homem. Anos antes, Machado de Assis já dizia que, na mulher, o sexo corrige a banalidade; no homem, agrava. Seja como for, o assunto sempre interessou à humanidade, seja para defender como para atacar. E, mesmo que a prática seja infinitamente melhor que a teoria, a leitura de textos envolvendo o sexo ainda encanta todo tipo de leitor, como comprova a publicação Um Sábado no Paraíso do Swing (Panda Books, 312 páginas, R$ 46), que será lançada hoje, na Livraria Cultura do shopping Villa-Lobos. Trata-se de uma refinada seleção de textos publicados na imprensa nos últimos anos. Não apenas em meios especializados como as revistas Playboy e Sexy (e seus antepassados, as neandertais Status e Clube dos Homens), mas também em veículos diversos, como o jornal Zero Hora. A missão de escolher os artigos coube ao jornalista Miguel Icassatti, editor-assistente do caderno Paladar e do Guia do Estado, que garimpou, entre 2004 e 2005, em arquivos de todas as publicações. Profissional experiente, Icassatti buscou pérolas - textos que combinassem interesse no tema, escrita sofisticada e, principalmente, que apresentassem sinais de envelhecimento apenas quando divulgassem dados localizados, como as diversas moedas que vigoraram no Brasil. Assim, do repórter que se fantasiou de stripper até o entrevistado que resolveu tirar a roupa no meio da conversa, passando pelos corredores de motéis e sex shops, nenhum assunto escapou da antologia de 40 reportagens, assinadas por um respeitado time de 47 jornalistas e escritores. Sim, escritores: Icassatti descobriu um curioso texto de Fernando Sabino, publicado em 1975 pela revista Status, em que o autor mineiro apresenta uma brilhante descrição da cidade de Los Angeles no período pós-Guerra do Vietnã, sem esconder sua surpresa com o clima de "paz e amor" nas noites proibidas da metrópole americana. O que dizer, então, de um texto inédito de Marcos Rey apresentando as boates de São Paulo nos anos 1950? Olhar arguto, Rey observa que, naquela época, "o verbo sair começava a ser mais conjugado e a incluir uma idéia de liberdade que ultrapassava a pracinha do bairro". Um Sábado no Paraíso do Swing empresta o título de uma reveladora matéria de Marcelo Duarte, publicada na Playboy de maio de 1985, em que a troca de casais, desejo inconfesso de muitos homens e mulheres, é desmistificada a partir do momento em que os personagens revelam sentimentos muito banais para um ato tão excitante, como a presença do ciúme e preocupação com a família. Até mesmo a Ilha da Fantasia do sexo, a mansão onde vive o magnata Hugh Hefner, publisher da Playboy, foi desmascarada por Jotabê Medeiros, em reportagem publicada no Estado em janeiro de 2004. Ali, apesar das ruidosas garotas fantasiadas de coelhinho e das piscinas, cascatas artificiais e pedras gigantes coladas com cimento, a mansão não é muito diferente de qualquer motel com teto retrátil da Rodovia Raposo Tavares. Um Sábado no Paraíso do Swing e Outras Reportagens sobre Sexo. Org. Miguel Icassatti. Panda Books. 312 páginas. R$ 46. Livraria Cultura Shopping Villa-Lobos. Av. Nações Unidas, 4.777, 3024-3599. Hoje, 19 horas.

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