Livro recupera história da reserva marinha em textos e imagens

'Atol das Rocas' foi organizado por Alice Grossman e traz imagens de Marta Granville e Zaira Matheus

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Por Camila Molina - O Estado de S. Paulo
Atualização:

No Atlântico, localizado a 269,5 quilômetros de Natal (Rio Grande do Norte) ou a 148 quilômetros do arquipélago de Fernando de Noronha, o Atol das Rocas é a primeira reserva biológica marinha criada no Brasil. Um anel no meio do oceano, com diâmetro de pouco mais de 3 quilômetros e com cerca de 1,5 quilômetro de praia, a reserva, que recebe apenas cientistas, vai até mil metros de profundidade, preservando exemplos raros da biodiversidade marinha. Para se chegar até Rocas, é necessário pegar um barco em Natal e viajar por um dia. "Temos de levar tudo o que precisamos e lá ficamos isolados", conta a bióloga Alice Grossman, que foi pela primeira vez ao atol em 1994, como estagiária do projeto Tamar, dedicado às tartarugas marinhas.

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Lugar isolado do público, com um abrigo para acolher os cientistas em suas expedições, a reserva marinha é apresentada de forma abrangente no livro Atol das Rocas 3.º 51’S 33.º 48’W, organizado por Alice Grossman e com imagens realizadas por Marta Granville e Zaira Matheus, ambas especializadas em fotografia submarina. Obra editada pela Bei, Atol das Rocas tem seu lançamento nesta quarta-feira, 18, às 18h30, na Livraria Cultura. As autoras, que vivem em Fernando de Noronha, autografam a edição, lançada, anteriormente, em Natal.

A reserva biológica foi instituída em 1979 por meio de um decreto-lei, mas sua implantação somente se deu a partir de 1991. "A história do Atol das Rocas estava pulverizada até a realização deste livro, pela primeira vez ela aparece de forma concisa e linear", diz Alice. A edição, assim, conta também com textos de Maurizélia de Brito Silva, chefe da reserva marinha, e do historiador e almirante Max Justo Guedes. Trabalhos cartográficos e fotografias antigas, muitas delas inéditas, pertencentes ao arquivo da Marinha do Brasil, resgatam a importância do Atol das Rocas desde o primeiro mapa no qual a localidade aparece, em 1605.

"É uma explosão de vida, com toda a beleza cênica, mas no meio do nada", afirma Marta. Na rota de embarcações, Rocas foi palco de naufrágios no século 19. Transformou-se, também, durante tempos, em abundante pesqueiro em alto-mar, mas essa atividade foi desativada com a criação da reserva biológica protegida para a ciência. "Rocas é a segunda maior colônia de tartarugas no Atlântico", afirma Alice Grossman, que se especializou na pesquisa de uma espécie em extinção dos répteis aquáticos, a das tartarugas verdes. Elas fazem desova no Atol das Rocas, mas a reserva ainda conserva infinidade de objetos de estudos, como colônias de corais, algas, esponjas, crustáceos, peixes, polvos, cerca de 150 mil aves e exemplares da flora. "Recentemente, foi publicada uma pesquisa na qual é citada uma alga de Rocas com forte tendência de cura do vírus HIV", conta a bióloga.

"Levar todo o equipamento fotográfico para o atol não é nada fácil", diz Zaira Matheus, também formada em biologia. Tanto ela quanto Marta Granville acompanharam Alice Grossman durante muitas expedições à reserva, além de participarem de outros estudos no local - contabilizam que reúnem, afinal, um arquivo de mais de 60 mil imagens. As fotografias presentes no livro não são apenas submarinas - segmento no qual são especializadas, mas apresentam a beleza do Atol das Rocas pela magnitude de sua paisagem como também de seus detalhes.

 

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