Livro presta homenagem a Miguel Reale

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Por Agencia Estado
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Segundo Jacques Marcovitch, reitor da Univesidade de São Paulo, Miguel Reale "encarna como poucos o espírito universitário, por sua personalidade plural e empreendedora". Empreendedor, filósofo, jurista, quando completou 90 anos, Reale acompanhou, do início ao fim, um simpósio realizado no Largo São Francisco em sua homenagem. O resultado do simpósio acaba de ser publicado pela Edusp. Cidadania e Cultura Brasileira - Homenagem aos 90 Anos do Professor Miguel Reale (96 páginas, R$ 15), organizado por Shozo Motoyama, converte em textos as falas de Jacques Marcovitch, Celso Lafer, João de Scantimburgo, Esther Figueiredo Ferraz, Newton Carneiro Afonso da Costa, Ruy Martins Altenfelder Silva, Francisco Romeu Landi, Tercio Sampaio Ferraz Junior, Ivette Senise Ferreira e Milton Vargas. Francisco Landi, diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, afirma que "entender a figura de Miguel Reale é muito difícil, porque como um diamante lapidado, tem várias faces que brilham, isolada ou simultaneamente". Landi diz ainda que a sua Teoria Tridimensional do Direito foi o resultado de sua visão sistêmica "forjada na reflexão e na vida". Para Lafer, "Miguel Reale é insubstituível em função do alcance e da originalidade de sua ´jusfilosofia´, que é um dos temas estruturadores de seu pensamento". Lafer é titular na cadeira de Filosofia do Direito da USP, disciplina em que Reale foi catedrático. Ruy Martins Altenfelder Silva fala sobre a faceta empresarial de Miguel Reale, que ocupou a presidência do Conselho do Moinho Santista. Reale também participou do Conselho de Administração da Hidrelétrica de Itaipu e foi membro do Conselho de Administração da Eletropaulo. João de Scantimburgo, colega de Reale na Academia Brasileira de Letras e na Academia Paulista de Letras, afirma que "Reale foi, é e será um grande escritor por usar sempre a palavra certa e insubstituível na frase bem-feita, nem longa, como os períodos de Rui, nem curta, como o de alguns plumitivos que não foram dotados desse alto dom." Ele conta ainda que não encontrou, nos versos de Miguel Reale, "uma só rima pobre". "Miguel Reale consagra à poesia como à língua o sentimento e, no seu caso, a reflexão filosófica, como não há outro no Brasil." A obra se encerra com uma conferência magna proferida pelo próprio Miguel Reale. Nessa conferência, ele afirma: "O importante para o homem, na realidade, não é apenas pensar, mas ser fiel ao que pensa; o importante para o homem não é apenas desejar, mas ter aptidão de desejar algo que se ponha acima das suas possibilidades, transformando-se em um ideal inatingível. Ai do homem que não tem uma utopia como projeção de sua própria existência!"

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