PUBLICIDADE

Livro diz que fofoca faz bem para a saúde

Gossipterapia, que poderia ser traduzido como terapia da fofoca, afirma que fazer fofoca é relaxante, não engorda e rejuvenesce

Por Agencia Estado
Atualização:

Preocupar-se com a vida alheia e falar cotidianamente das alegrias e tristezas dos outros não é considerado apenas sinal de inveja ou maldade na Itália - é também uma excelente terapia. De acordo com um livro lançado recentemente no país, fazer fofoca faz bem à saúde. É relaxante, não engorda, rejuvenesce e melhora o humor. Em Gossipterapia, que poderia ser traduzido como terapia da fofoca, Elena Mora e Luisa Ciuni liberam da culpa e da vergonha aqueles que gostam de conhecer detalhes sobre o dia-a-dia dos ricos e famosos, dos vizinhos, amigos e colegas de trabalho. "A fofoca é um antídoto contra a monotonia e a solidão", afirma Luisa. "É um importante instrumento de integração social. Consolida a participação num determinado grupo, alivia as tensões, o estresse acumulado e permite descarregar a agressividade. É um jogo entre realidade e ficção, que ajuda a conhecer a si mesmo." Elena diz que falar da vida alheia também faz bem à pele. De acordo com ela, no momento em que se ri de uma fofoca sobre algo alegre ou triste que aconteceu com alguém, os músculos do rosto relaxam. "É muito melhor do que botox", disse Elena. "Uma fofoca leve, que rende um sorriso, deixa o rosto muito mais lindo e o resultado é o mesmo da toxina que paralisa os músculos da pele, mas sem o incômodo das injeções e o efeito embalsamado que rende a alguns." A psicóloga e psicoterapeuta Enrica Beringheli concorda com as escritoras sobre os efeitos benéficos. No entanto, faz distinção entre fofocas boas e ruins. Conforme Enrica, são positivas aquelas feitas de ironias, auto-ironias e senso de humor, que mantêm o respeito do outro e de si, com o reconhecimento de valores e defeitos. Ela classifica como más quando desrespeitam os outros, são excessivas, insistentes e têm a tendência a denegrir e a desacreditar. "Fofocas assim não fazem bem para ninguém", diz a psicóloga. "São feitas por pessoas com distúrbios de personalidade, como o narcisismo, que valorizam a si mesmas para prejudicar alguém, ou evitar falar sobre seus próprios problemas." Luisa e Elena afirmam que a fofoca como terapia e diversão é típica do universo feminino. De acordo com as escritoras, os homens não possuem o mesmo tipo de confiança que as mulheres têm umas nas outras, da qual nasce a fofoca leve e alegre. "Quando eles fofocam, são malvados, vulgares", diz Luisa. "Fazem apenas para obter informações importantes que servem para atrapalhar a carreira de alguém, ou melhorar suas vidas profissionais. Também inventam mentiras, falam de fantasias, geralmente sobre sexo e mulheres." As mulheres, segundo Luisa, tratam a fofoca como arte. Comentam uma desgraça ou algo bom que aconteceu com um amigo, alguém famoso ou um conhecido para dar emoção às suas vidas. "Muitas vezes não acontece nada interessante nas nossas vidas e fofocar tem um efeito tão consolador como comer chocolate", afirma Luisa. "A vantagem é que não engorda." No final do ano passado, um estudo feito na Itália apontou que as mulheres gastam em média cinco das 24 horas do dia fofocando. Elena acredita que possam ser muito mais: "Se for levado em consideração o tempo que passamos em ônibus, metrôs e filas, a média seria muito superior". "São nestes lugares que as pessoas fazem comentários inocentes sobre o tempo e, em seguida, já estão falando sobre a vida de ricos e poderosos, da sexualidade de um ator de novela ou do casamento entre um jogador de futebol qualquer e uma modelo famosa", afirma. No livro, as autoras dão dicas sobre como fofocar melhor e apontam os bons lugares para dar ótimas gargalhadas sobre a vida dos outros. O salão do cabeleireiro, a academia de ginástica, festas de aniversários, casamentos e corredores de hospitais são alguns dos locais preferidos por mulheres de todas as idades para fofocar. As duas autoras do manual da terapia da fofoca afirmam que meia dúzia de divertidas fofoquinhas podem ser melhores do que anos passados no divã de um analista. Para quem persegue o sucesso, as italianas recomendam convidar o chefe para um cafezinho, regado a fofocas leves do bem e com muitas risadas. De acordo com elas, a ascensão profissional seria apenas uma questão de espera.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.