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Livro discute papel dos judeus na formação do País

Por Agencia Estado
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Os escritores Moacyr Scliar e Márcio Souza lançam nesta quinta-feira, às 20h, na biblioteca da Hebraica (Rua Hungria, 1.000, tel. 0--11/3818-8800), o livro Entre Moisés e Macunaíma - Os Judeus Que Descobriram o Brasil (Garamond, 132 págs., R$ 20). O livro traz o relato dos dois autores sobre o papel dos judeus na construção do País e de sua identidade. Márcio Souza, nascido no Amazonas, é descendente de judeus sefarditas espanhóis expulsos pela Inquisição. Moacyr Scliar é filho de imigrantes europeus que fugiam do anti-semitismo crescente na Europa do início do século 20 ("Meus pais vieram da Bessarábia, uma região que fazia parte do império czarista e onde os judeus viviam em lírica e inquieta pobreza nas pequenas aldeias que Scholem Aleichem descreveu e que Chagall retratou", escreve em seu depoimento). "O judaísmo é uma marca indissolúvel. No meu caso, não tem nada a ver com religião, porque religioso não sou", diz Scliar. "Sou parte de uma longa corrente humana formada desde os tempos bíblicos até nossos dias, a corrente do judaísmo." Scliar escreve também sobre o seu bairro em Porto Alegre, o Bom Fim, e o impacto da criação do Estado de Israel sobre os jovens judeus. Souza fala de sua reaproximação com o judaísmo e faz breve relato da imigração judaica para o Brasil. Cita Rubens Ezague, um amazonense de Itacoatiara: "Terra que não tem judeu, acaba." E segue discutindo a influência dos judeus e de sua cultura no País. "A formação do Brasil se confunde com a própria história da diáspora sefaradi", escreve. "Meu bisavô Belarmino Bentes foi juiz de paz da comarca de Alenquer, Pará. (...) Os Bentes ou são judeus ou agnósticos; meu bisavô Belarmino provavelmente era agnóstico. Quanto à família de minha mãe, Sevalho, é de judeus sefaradim tipicamente do Marrocos, de onde veio para a cidade de Tefé, Amazonas, no fim do século 19." O depoimento de Márcio Souza passa também por suas três viagens a Israel. "No dia em que visitei o Muro das Lamentações tive a impressão de que ali estava uma de minhas ancestrais. Uma mulher baixa e de nariz grande, porque as mulheres Bentes não são exatamente exemplos de beleza grega." O livro traz ainda um breve glossário de termos hebraicos.

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