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Livro discute mitos do novo urbanismo

A Cidade do Pensamento Único - Desmanchando Consensos, publicado pela Editora Vozes, será lançado neste fim de semana, no projeto O Autor na Praça

Por Agencia Estado
Atualização:

O projeto O Autor na Praça, que tem promovido o encontro de escritores e leitores em espaços públicos da cidade, tem como atração deste fim de semana um evento que vem a calhar com seu perfil: uma rodada de autógrafos da obra A Cidade do Pensamento Único - Desmanchando Consensos, publicada pela coleção Zero à Esquerda da Editora Vozes e que discute os mitos e falácias do novo urbanismo. Dois dos três autores representados na coletânea, as professoras Otília Arantes e Ermínia Maricato, estarão presentes. O terceiro autor, que não participará das tardes de assinatura é Carlos Vainer. Os encontros ocorrem neste sábado, às 15 horas, na Praça Benedito Calixto, e domingo, às 16 horas, na Praça Júlio Prestes. Com enfoques um pouco diferenciados, os três pesquisadores se unem em torno de um projeto comum: analisar como o pensamento contemporâneo sobre as cidades está contaminado pela ênfase nos negócios e pela ausência de um objetivo social e político que reverta na melhoria de qualidade de vida para a totalidade dos cidadãos. Nas últimas duas décadas avançou de maneira galopante o pensamento único, que transformou urbanistas e arquitetos em atores coadjuvantes, cuja função é apenas viabilizar a cidade para o grande capital. Com o fortalecimento do neoliberalismo, a cidade - cujo crescimento até então era controlado e limitado pelo Estado - passa a ser regida de acordo com interesses econômicos e a ser vista como uma mercadoria, a ser comercializada. Em seu artigo, a filósofa Otília Arantes mostra a cultura - considere-se aí o mundo do espetáculo e dos grandes projetos - como um fator central utilizado pelas administrações para atrair as atenções e o dinheiro. Projetos como o de Barcelona, Paris ou Berlim cumprem essa função. Mas a idéia de que essas intervenções promoveriam a recuperação urbana à sua volta parte de pressupostos falsos. A mesma questão é tratada por Vainer, em outros termos. Ele faz uma diferenciação entre as idéias de cidadão e citadino, do qual não é exigido um envolvimento com um determinado projeto social, mas com um mito patriótico acerca da cidade onde vive. Nada mais exemplar desse tipo de atitude do que a mudança do nome da Rodovia dos Trabalhadores para Ayrton Senna. Os dois últimos textos do livro, assinados por Vainer e Ermínia Maricato, continuam a mesma discussão, mas trazem o assunto para mais perto, mostrando como esse pensamento se reflete no já desastroso urbanismo brasileiro, decorrente de uma sociedade em que os problemas da terra (urbanos e rurais) estão longe de serem resolvidos, mas que ignora e até estimula esse crescimento predatório e desigual. A Cidade do Pensamento Único - de Otília Arantes, Carlos Vainer e Ermínia Maricato. Editora Vozes, 192 págs., R$ 19

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