Livro conta as histórias de Maria Callas à mesa

Italiano Bruno Tosi faz sua homenagem à cantora nos 30 anos de sua morte

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Por Patricia Villalba
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O italiano Bruno Tosi conheceu Maria Callas em 1954 e por causa dela tornou-se jornalista, para poder trabalhar como crítico de música. Hoje presidente da Associacione Culturale Maria Callas, de Veneza, ele está no Brasil para o lançamento do livro A Paixão Secreta de Maria Callas, em que reúne histórias e parte da coleção de receitas culinárias da Divina - uma amante da boa mesa, apesar das duras dietas a que se submetia. É uma das homenagens prestadas à cantora nos 30 anos de sua morte, que se completam em 16 de setembro.    Ouça trecho de Il Turco in Italia   Leia a receita    Na sexta-feira, Tosi recebeu o Estado para uma conversa em torno da mesa do restaurante Villa Fiora. Ao seu lado, estava Joana Fiora, hoje matriarca da família fundadora do restaurante Bologna, no Vale do Anhangabaú. Foi ali que a diva jantou quando esteve em temporada no Teatro Municipal, em 1951.   Como se tornou especialista na obra de Maria Callas? Vi Callas pela primeira vez em 1954, em Veneza. Foi o que fez com que eu me tornasse jornalista e crítico de música, para poder estar perto dos meus ídolos. Quatro anos depois, acompanhei-a numa turnê pela Itália. Depois, fui assessor de Renata Tebaldi, sua rival, que se tornou rival declarada aqui no Brasil.   Como foi? Em 1951, elas cantaram em São Paulo, e correu tudo bem. No Rio, houve um problema com o empresário, Barreto Pinto, que preferia Tebaldi. Ela era mais calma e, bem, Callas todo mundo sabe como era. Ficou combinado que não haveria bis. Callas cantou, foi aplaudida e saiu do palco. Tebaldi cantou, foi aplaudida, e deu o bis. Callas chegou a dar uns tapas no empresário. A partir dali, a rivalidade entre as duas tornou-se pública.   Como juntou o material para um livro de receitas em torno da diva? Toda a história de Maria Callas está na minha cabeça! Sou colecionador, tenho cartas, mais de 10 mil fotos, autógrafos, vários itens. Há dois anos, uma revista italiana publicou uma entrevista comigo, e algumas receitas dela. Isso me deu incentivo para fazer o livro. Recolhi então seus livros, recortes e até receitas escritas à mão, que ela pedia aos cozinheiros e anotava em guardanapos.   Era boa cozinheira? Ela se esforçava. Sua sogra lhe havia dito que não bastava uma mulher cantar bem, tinha de saber cozinhar! Era tão caprichosa que fazia pratos gregos e reproduzia receitas tiradas do livro de Casanova para servir a Onassis, seu grande amor. Ele adorava o personagem, e ela preparava ostras à moda de Casanova, um prato afrodisíaco. Claro que criava o clima propício para o romance.   Serviço: A Paixão Secreta de Maria Callas: Histórias, Receitas e Sabores. De Bruno Tosi. Livraria Cultura - Shopping Villa-Lobos (130 lug.). Av. Nações Unidas, 4.777, Alto de Pinheiros, tel. 3024-3599. Hoje, às 20 horas. Grátis

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