Livro conta a história dos quadrinhos japoneses

O mangá, como são chamadas as histórias em quadrinhos japonesas, é tema de Mangá - Como o Japão Reinventou os Quadrinhos, do britânico Paul Gravett

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Por Agencia Estado
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Após a 2.ª Guerra Mundial, entre os vários produtos ocidentais que invadiram o derrotado Japão estavam as revistas em quadrinhos, muitas vezes até contrabandeadas. E os japoneses transformaram os quadrinhos em algo único, diferente e, não raro, melhor. Em Mangá - Como o Japão Reinventou os Quadrinhos (Ed. Conrad, 184 páginas, R$ 67,50), o britânico Paul Gravett, editor da revista Escape, que publicava quadrinhos alternativos nos anos 80, conta os 60 anos dos quadrinhos japoneses, hoje uma indústria que sozinha produz mais do que toda a Europa e já passou seus similares americanos em número e inovação. No Japão, os mangás - como são chamadas as histórias em quadrinhos japonesas - correspondem a 40% de tudo que é impresso no país. A principal revista já vendeu seis milhões de exemplares por semana e, hoje, mesmo após a recessão, chega a quatro milhões. O que é produzido pelas editoras japonesas em um ano equivale a vários anos de produção americana e européia juntos. Segundo Gravett, a explicação está no código de moral estabelecido nos anos 50, nos EUA, que na prática censurava as revistas em quadrinhos. Enquanto as publicações americanas se tornaram cada vez mais infantis, no Japão, sem censura, o mangá floresceu em inovação e criatividade. O mangá, com seus personagens de olhos gigantes, cabelos espetados e bocas e narizes delicados, faz parte da cultura japonesa como as novelas para nós brasileiros. Em março de 1970, centenas de pessoas lotaram as ruas em volta da editora Kodansha, editora do mangá Ashita no Joe (Joe do Amanhã), para fazer o funeral do personagem Rikiishi, morto nos quadrinhos durante uma luta de boxe (anos antes do filme Rocky, com Stallone). Personagens do mesmo mangá foram adotados por estudantes extremistas, grupos políticos e terroristas japoneses no fim da década de 60. ?Joe foi um ícone da rebelião do proletariado. Em 1968, ano em que apareceu pela primeira vez, seqüestradores do Exército Vermelho Japonês sabiam que todos compreenderiam sua motivação quando declararam: ?Nós somos os Joes do Amanhã??, diz Gravett no livro. Renato Siqueira, jornalista especializado em quadrinhos e cultura japonesa, diz que a produção japonesa, no começo fechada em seu imenso mercado interno, agora ganhou o mundo e influencia muito da produção ocidental. No Brasil, são lançados dezenas de títulos todos os anos e eventos como o Anime Friends reúnem até 40 mil fãs de mangás e de animações japonesas.

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