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Livro conta a história da comunicação cifrada

Depois de se debruçar sobre o teorema de Fermat, o físico Simon Singh repassa em "O Livro dos Códidos" a história da criação e decodificação de mensagens cifradas

Por Agencia Estado
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A esquizofrenia de John Nash, o personagem vivido por Russell Crowe em Uma Mente Brilhante, torna-o um homem obcecado pela decifração de códigos, que supostamente esconderiam mensagens enviadas por espiões da União Soviética, durante a guerra fria. Embora as desconfianças de Nash não passassem de alucinação, a preocupação pela decodificação de mensagens cifradas dominava os Estados Unidos na época e já atingira um alto grau de elaboração graças ao desenvolvimento das técnicas. "A história da arte de escrever segredos vem desde o Antigo Egito", observa Simon Singh, Ph.D. em física de partículas pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e autor de O Livro dos Códigos (512 páginas, R$ 48), que a Editora Record lançou recentemente. Singh revelou-se um excelente contador de fatos quando transformou um dos mais intrincados e fascinantes problemas da história da matemática (a resolução do teorema de Fermat) em um atraente programa de televisão e um livro acessível, que logo se tornou best seller (também editado pela Record). Em O Livro dos Códigos, ele demonstra a importância e o papel da comunicação cifrada nas operações militares, na política e nas intrigas palacianas. O tema central é a batalha entre o codificadores e os decodificadores, que atingiu seu auge durante a 2.ª Guerra Mundial, quando a criptografia (arte de se escrever em código) ganhou grande impulso e foi decisiva para o avanço tanto dos Aliados como do Eixo. Os fatos históricos, arrolados por Singh, garantem o prazer da leitura. Na Grécia Antiga, por exemplo, Histaeu raspou a cabeça do mensageiro, escreveu o texto no couro cabeludo e esperou que o cabelo voltasse a crescer. Assim, o mensageiro, que aparentemente não levava nada que fosse perigoso, conseguiu deixar a área que estava dominada pelos persas e chegou até o destinatário, que novamente raspou sua cabeça para ler o texto. As técnicas evoluíram até chegar ao microponto, usado na 2.ª Guerra - agentes alemães reduziam fotograficamente uma página de texto até transformá-la em um ponto com menos de um milímetro de diâmetro. O microponto era então oculto sobre o ponto final de uma carta aparentemente inofensiva. Atualmente, o sigilo é a única garantia de segurança na troca de conversas eletrônicas e números de cartões de crédito, que passeiam pelo mundo por meio de e-mails e da Internet. Quando foi publicado na Inglaterra, O Livro dos Códigos trazia um desafio: um prêmio de US$ 15 mil para quem primeiro desvendasse um texto cifrado. Somente um ano e um mês depois é que a mensagem foi decodificada. O desafio continua e, mesmo não valendo uma recompensa, o esforço é estimulante.

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