
12 de maio de 2012 | 03h09
A romancista é capaz de traduzir o labirinto da burocracia da saúde em prosa eloquente e mordaz. O papel dos cifrões nas decisões de vida ou morte é central nesta trama. Shep Knacker acha que seu idílio imaginado, a Outra Vida, vai começar quando ele se aposentar numa ilha na costa da Tanzânia. Mas sua mulher Glynis se transforma em obstáculo quando é diagnosticada com um tipo raro de câncer e vai precisar que Shep continue trabalhando para receber seguro-saúde.
"A liberdade não é muito diferente do dinheiro, é?", pergunta Shep, neste romance que questiona o preço da vida e a cotação da lealdade. Uma adolescente, filha de um amigo de Shep, sofre de uma doença degenerativa que vai não só contribuir para arruinar as finanças da família como desfazer a própria família. E o pai de Shep quebra a perna e precisa ir para uma residência de idosos.
Não é preciso encontrar Lionel Shriver pessoalmente para ter uma medida da indignação que ela expressa. Seja nas páginas do romance, seja nas respostas em que pesa a munição das palavras, Shriver não quer ser cúmplice do esquecimento. Sua disposição de detalhar todo tipo de aflição física provocada por doenças catastróficas, sem a menor concessão sentimental, é um desafio para o leitor, sim, mas uma atitude corajosa num ambiente editorial que às vezes confunde realidade com muzak. / L.G.
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